Tunísia: protesto contra terrorismo marca marcha de abertura do Fórum Social

Publicado em 24/03/2015 - 17:06 Por Ana Cristina Campos - Enviada Especial da Agência Brasil/EBC - Túnis (Tunísia)

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Sob chuva forte e temperatura de 15 graus Celsius, os participantes da tradicional marcha de abertura do Fórum Social Mundial caminharam de forma pacífica, na tarde de hoje (24), pelas ruas da região central de Túnis. Eles foram até o Museu do Bardo, onde ocorreu o atentado terrorista que deixou 22 mortos no dia 18 deste mês. A reabertura do museu ao público foi celebrada com uma cerimônia que teve a participação da Orquestra Sinfônica da Tunísia.

Sob chuva forte e temperatura de 15 graus Celsius, os participantes da tradicional marcha que marca a abertura do Fórum Social Mundial caminharam de forma pacífica, na tarde de hoje (24), pelas ruas da região central

Manifestantes caminharam pelas ruas da região central da capital tunisianaLeandro Melito/Repórter do Portal EBC

Sob o slogan "Povos do mundo unidos contra o terrorismo", o público de cerca de 20 mil pessoas de diversos países, segundo a polícia, carregava faixas contra o extremismo e a violência, pedindo justiça social, liberdade e paz. Muitos gritavam palavras de ordem por uma Tunísia livre e unida contra o terrorismo e vestiam camisas em que estava escrito “Je suis Bardo” (Eu sou Bardo), em alusão ao “Je suis Charlie", frase que marcou a onda de protestos contra o atentado ao jornal francês Charlie Hebdo em janeiro, em Paris. Também houve atos, bandeiras e faixas defendendo diversas causas, como a libertação da Palestina e a luta feminista, manifestações embaladas por cantos e danças.

A segurança estava reforçada ao longo de toda a caminhada e em frente ao museu, com policiais fortemente armados e cercas de arame farpado em torno do prédio.

Abir Ben Arab, de 23 anos, estudante da Faculdade de Direito e Ciências Políticas da Universidade El Manar

Tunísia  está  unida  contra  o  extremismo,  diz  Abir

Ben Arab Leandro Melito/Repórter do Portal da EBC

Abir Ben Arab, de 23 anos, estudante da Faculdade de Direito e Ciências Políticas da Universidade El Manar, onde ocorre o fórum, disse que participou da marcha para mostrar que a sociedade tunisiana está unida contra o extremismo. “O que aconteceu no Museu [do Bardo] foi uma catástrofe para nós.”

O desempregado tunisiano Mrassi Oussama, de 33 anos, contou que foi à caminhada para reforçar a mensagem de que é necessário lutar contra o terrorismo. “Não se deve ter medo [do terrorismo]. É preciso lutar para acabar com os problemas sociais e políticos e defender a revolução [o levante popular que levou à derrubada do governo ditatorial de Zine Al Abidine Ben Ali, que estava há 23 anos no poder]”.

A Tunísia é considerada o berço da Primavera Árabe, a série de levantes populares que derrubou governos autoritários na região. A transição do país para um regime democrático é tida como o único caso de sucesso da onda de contestações, já que países como a Síria e o Egito estão assolados por conflitos. O país promoveu eleições parlamentares e elegeu para presidente, no ano passado, o líder do partido laico Nidaa Tounès, Beji Caid Essebsi. Foi a primeira vez, desde a independência tunisiana do domínio francês, em 1956, que a população escolheu livremente o presidente do país.

Estudante universitária da Argélia, Lynda Tatou, de 23 anos

A estudante argelina Lynda Tatou diz que foi

à  marcha  em  solidariedade  aos  tunisianos
Leandro  Melito/Repórter  do  Portal  da  EBC

A estudante universitária da Argélia Lynda Tatou, de 23 anos, destacou que participou da marcha para enviar uma mensagem contra o que ocorre nos países árabes mergulhados em violência e extremismo. “Vim em solidariedade ao povo tunisiano. Na Argélia, ainda acontecem problemas com grupos terroristas.”

De manhã, a Assembleia das Mulheres marcou o início das atividades do Fórum Social Mundial, que vai até sábado (28). No anfiteatro lotado da Faculdade de Direito da Universidade El Manar, mulheres e homens se mobilizaram pedindo menos violência e mais igualdade de gênero.

A ativista do movimento feminista Aicha Duishi, do Sul do Marrocos, afirmou que veio ao fórum para apoiar a sociedade tunisiana e a luta das mulheres da região do Norte da África.

O Fórum Social Mundial espera reunir cerca de 60 mil pessoas e tem quase 1,1 mil atividades previstas de hoje até sábado. Mais de 4 mil organizações de 118 países estão inscritas para participar do evento, que tem como lema “Dignidade, direitos e liberdade”.

Edição: Aécio Amado

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