Papa elogia diálogo na Bósnia e cobra continuidade da paz
O papa Francisco elogiou hoje (6), em Sarajevo, os progressos vividos na Bósnia-Herzegovina nos últimos anos, mas cobrou a continuidade do diálogo para a paz.
“Tenho o prazer de ver os progressos realizados, que devemos agradecer ao senhor e a tantas pessoas de boa vontade. No entanto, é importante não se contentar com o que já foi alcançado, mas procurar adotar novas medidas para fortalecer a confiança e criar oportunidades para que se aumente a compreensão e o respeito mútuo”, disse ao discursar durante a cerimônia de boas-vindas no palácio presidencial, na capital da Bósnia-Herzegovina.
Francisco fez um apelo à comunidade internacional, “em particular à União Europeia”, para que contribua para que “o processo de paz começado seja cada vez mais sólido e irreversível”.
O papa recordou a visita de João Paulo II em 1997 a Sarajevo, que ainda tentava se recuperar da guerra (1992-1995), e disse que está satisfeito por chegar à capital bósnia “como peregrino da paz e do diálogo”.
“Para mim é um motivo de alegria estar nesta cidade, que sofreu tanto por causa dos sangrentos conflitos do século passado e voltou a ser um lugar de diálogo e convivência pacífica”, enfatizou.
O papa disse que a Bósnia-Herzegovina “tem um significado especial para a Europa e para o mundo inteiro”, pois nestes territórios “existem comunidades que há séculos professam religiões diferentes e pertencem a etnias e culturas distintas, cada uma com as suas características peculiares e orgulhosa das suas tradições específicas”.
Francisco pediu às autoridades políticas do país que protejam “os direitos fundamentais da pessoa, entre os quais se destaca a liberdade religiosa" para assegurar "a efetiva igualdade de cada cidadão diante da lei, independentemente da sua origem étnica, religiosa e geográfica”.
O presidente da Bósnia-Herzegovina, o sérvio Mladen Ivanic, disse confiar que o tempo "da falta de entendimento, da intolerância e divisões" tenha ficado para trás. Para ele, a população aprendeu a lição do passado recente e está diante de “um novo tempo de entendimento, reconciliação e cooperação”.
Ele estava acompanhado de outros membros que formam a composição presidencial do país, que é rotativa: o muçulmano Bakir Iztbegovic e o croata Dragan Covic. “Desejamos edificar a Bósnia-Herzegovina como uma sociedade à medida do homem e de todas as religiões. O cumprimento deste objetivo não é fácil e representa um grande desafio, tanto para os líderes políticos e religiosos quanto para cada cidadão”, disse Ivanic.
“A Bósnia-Herzegovina tem sido um símbolo do verdadeiro entendimento das diferenças étnicas e religiosas, mas também das profundas divisões, conflitos e sofrimentos”, destacou.
Depois da reunião com as autoridades bósnias, o papa seguiu para o Estádio Olímpico de Sarajevo para rezar uma missa para cerca de 65 mil fiéis.