Croácia não tem capacidade para receber mais refugiados, diz ministro
O ministro do Interior da Croácia, Ranko Ostojic, advertiu hoje (17) que o seu país deixou de ter capacidade para continuar recebendo refugiados, após a entrada de 7 mil pessoas ontem (16), provenientes da Sérvia.
“Neste momento, esgotamos nossas capacidades e nas conversas com dirigentes do Acnur [Alto Comissariado da ONU para os Refugiados] e da União Europeia [UE] dissemos que a Croácia está cheia”, declarou Ranko Ostojic à agência croata Hina.
Em paralelo, e segundo a página digital da BBC, centenas de imigrantes tentaram hoje brevemente, e sem sucesso, romper o cordão policial colocado em Tavornik, na fronteira da Sérvia com a Croácia. Após momentos de tensão, a situação se normalizou.
O ministro croata emitiu o aviso no posto fronteiriço de Tavornik, onde continuam chegando refugiados após o fechamento da fronteira húngara e que forçou migrantes, provenientes do Médio Oriente e Ásia, a procurar uma rota alternativa.
Ranko Ostojic disse que quem pretender requerer asilo será conduzido para um centro de registo em cumprimento das normas europeias e quem não pretenda solicitá-lo será considerado imigrante ilegal. “Não somos um país em que num certo momento não possa ser solidário, mas neste momento pedimos [aos restantes países de onde provêm os refugiados] que parem a afluência”, disse. “Não é aceitável que a Croácia seja tratada como um país em que se devem respeitar os acordos internacionais e que isso não seja feito nos países vizinhos que estão sendo atravessados pelos imigrantes”, explicou.
O número de chegadas à fronteira croata superou quase o dobro as previsões do governo de Zagreb, que tinha calculado a chegada nos próximos dias de 4 mil refugiados no seu percurso em direção à Eslovénia, para depois seguirem pela Áustria em direção à Alemanha ou países escandinavos.
Ranko Ostojic tinha dito antes que a Croácia podia “responder a uma primeira vaga de 1,5 mil refugiados por dia”, mas sem deixar de informar que seriam acionados novos dispositivos caso esse número aumentasse.
Já a chefe da diplomacia de Zagreb, Vesna Pusic, advertiu que o país pode enfrentar a chegada de vários milhares de refugiados, mas não de dezenas de milhares.
A televisão estatal sérvia RTS informou que durante a noite de quarta-feira para quinta-feira chegaram à fronteira croata 40 ônibus e 180 táxis com refugiados, que depois cruzam a pé a fronteira servo-croata, e que estavam chegando mais migrantes.
A partir da fronteira, os refugiados são conduzidos em trens e ônibus para centros de acolhimento.
Ontem, a Croácia manifestou a disposição em estabelecer corredores que permitam aos refugiados cruzar de forma rápida e organizada o seu território a caminho do Norte.
O primeiro-ministro croata, Zoran Milanovic, criticou duramente a política da Hungria em relação aos refugiados ao considerar que “os muros que se erguem não apenas nada detêm, mas também enviam uma mensagem horrorosa e perigosa”.