Massacre humano mais antigo da história ocorreu há 10 mil anos no Quênia
Um grupo de cientistas apresentou hoje (20) evidências do massacre humano mais antigo da história, uma descoberta que contribui para o debate sobre as razões pelas quais os seres humanos fazem guerra.
O mais antigo massacre ocorreu há dez mil anos no Quênia, quando um pequeno grupo de homens, mulheres e crianças foram capturados por um clã rival, amarrados e espancados até a morte. Os restos mortais foram depositados numa lagoa e preservados em sedimentos por milénios.
Evidências
A descoberta foi feita em Nataruk, perto do Lago Turkana, no Quênia. Os ossos recolhidos fornecem “provas conclusivas de algo que deve ter sido um conflito entre grupos”, explicou a antropóloga da Universidade de Cambridge, Marta Mirazon Lahr.
Há outras evidências fósseis de violência contra seres humanos, mas nenhuma de confrontos entre grupos.
A equipe de Marta Mirazon Lahr desenterrou 12 esqueletos, mais ou menos intactos, dez dos quais tinham marcas de morte violenta.
O primeiro esqueleto que a equipe descobriu estava deitado de bruços e foi espancado até à morte.
A antropóloga encontrou também um esqueleto de uma mulher com os restos mortais de um feto na cavidade abdominal.
As origens da guerra é um tema controverso. Uns defendem que faz parte da essência da natureza humana (que nascemos com capacidade para a violência organizada) e outros sugerem que a guerra apareceu com o conceito de propriedade, quando os humanos começaram a cultivar a terra.
O novo estudo revela que a guerra já era uma característica do ser humano há dez mil anos, quando ainda éramos nômades.
“A minha interpretação é de que eram uma pequena comunidade e foram surpreendidos com um ataque”, afirmou a antropóloga.
O massacre pode ser visto como uma invasão por recursos ou um confronto entre dois grupos sociais, afirmaram autores do estudo, acrescentando que aquelas mortes são o “testemunho mais antigo de violência entre grupos e de guerra”.