Crise na Casa Branca ameaça se espalhar e atingir outros assessores de Trump
Há menos de 30 dias da posse do presidente Donald Trump, a crise na Casa Branca ameaça se espalhar. O FBI - polícia federal norte-americana -, agências de inteligência e o Congresso dos Estados Unidos estão investigando o possível envolvimento de conselheiros que ocupam altos postos no atual governo com autoridades da Rússia durante as eleições presidenciais no ano passado.
As investigações sobre o assunto começaram há algumas semanas e atingiram o auge com a saída do conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, que foi obrigado a pedir demissão na segunda-feira (13). Segundo a Casa Branca, Michael Flynn induziu a erro o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, ao mentir sobre a verdadeira dimensão de seus contatos com a embaixada russa em Washington. Antes de o assessor pedir demissão, Mike Pence chegou a dar várias entrevistas defendendo Michael Flynn e negando os contatos entre o ex-conselheiro da Casa Branca e os russos.
Em meio à crise, parlamentares dos partidos Republicano e Democrata disputam para tomar a frente das investigações no Congresso Nacional. Alguns republicanos vêm demonstrando preocupação com a possibilidade de que outros membros do gabinete de Trump tenham mantido contato frequente com oficiais russos de inteligência ao longo do ano passado. Mas os republicanos, que são maioria no Congresso, por enquanto ainda não estão aceitando a proposta dos democratas de fazer uma investigação mais profunda, com poderes para entrevistar membros do governo e ter acesso a documentos secretos. A ideia é conduzir um exame independente sobre os contatos entre os que hoje ocupam posições-chave no governo e autoridades russas. Eles ainda consideram que três grupos que examinam o assunto no Congresso são suficientes.
A preocupação dos congressistas, porém, não é acompanhada pelo porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, que deu entrevista nesta terça-feira (14) dizendo que "não houve contatos pré-eleitorais" entre a equipe de Trump e as autoridades russas. Mas as palavras de Spice estão sendo relativizadas pela imprensa norte-americana, que lembra que, no mês passado, portanto antes da saída de Michael Flynn, Trump também tinha negado qualquer contato entre seus assessores e os russos.
O pedido de demissão de Michael Flynn não foi o primeiro caso que mostrou afinidades entre assessores de Trump e autoridades russas. No fim de agosto do ano passado, Paulo Manafort, então coordenador da campanha eleitoral de Trump, renunciou à função depois de revelações de que sua empresa fazia lobby secretamente em favor de um partido político pró-Rússia, da Ucrânia. Mesmo depois que assumiu o governo, em 20 de janeiro, Donald Trump tem mantido postura amigável à Rússia e jamais criticou as ações do presidente Vladimir Putin.