Odebrecht revela que pagou US$ 782 mil para empresa de presidente do Peru
A Odebrecht pagou mais de US$ 782 mil à empresa Westfield Capital, do atual presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, por serviços de consultoria realizados entre 2004 e 2007, é o que revela um documento da construtora brasileira enviado à comissão parlamentar que investiga os desdobramentos da Operação Lava Jato naquele país sul-americano. A informação é da EFE.
A congressista Rosa Bartra, do partido fujimorista Força Popular e presidente da comissão do Congresso que investiga as propinas pagas pela empresa brasileira a funcionários peruanos, apresentou nesta quarta-feira (13) a relação de serviços de consultoria remetida pela Odebrecht a seu grupo de trabalho.
Os pagamentos pelas consultorias da Westfield Capital aconteceram entre novembro de 2004 e dezembro de 2007, e coincidem com o período em que Kuczynski ocupou os cargos de ministro da Economia e, posteriormente, de primeiro-ministro, durante o governo do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006).
Transposição transandina
Os serviços de consultoria foram realizados para a transposição transandina de Olmos - que consiste em um duto de 19 quilômetros sob os Andes que leva água para irrigar cerca de 40 mil hectares de plantações no deserto - e para a Estrada Interoceânica do Norte, que atravessa o território peruano desde o Oceano Pacífico até a Amazônia.
Kuczynski havia negado que sua empresa tivesse feito qualquer tipo de consultoria para a Odebrecht até que, no sábado, reconheceu ter prestado consultoria através da First Capital a uma empresa do grupo Odebrecht, a H2Olmos, concessionária do projeto de irrigação e transposição de Olmos.
A First Capital, constituída pelo empresário chileno Gerardo Sepúlveda, realizou, entre 2005 e 2013, consultorias para a Odebrecht estimadas em mais de US$ 4 milhões.
Esclarecimentos
A também congressista Karina Beteta, que estava ao lado de Rosa Bartra na revelação, falou que "cabe ao presidente esclarecer estes fatos pelo bem da democracia e para que a população possa ter confiança nele".
Rosa Bartra, por sua vez, disse que deseja que Kuczynski responda a estes questionamentos o mais rápido possível e que isto sirva para aplacar as críticas contra a comissão do Congresso que ela lidera, cuja investigação "é muito complexa", indicou.
Até o momento, Kuczynski se recusou a comparecer diante da comissão, que é dirigida pela legisladora fujimorista, por considerá-la "um circo", como ele mesmo disse no dia 6 de outubro, e que preferia responder às perguntas por escrito.
Alguns congressistas pediram esta semana a renúncia de Rosa Bartra à presidência dessa comissão depois que o Ministério Público peruano ordenou uma operação de busca e apreensão na sede de seu partido para encontrar uma possível dupla contabilidade, na qual a Odebrecht também teria participado.
O caso Odebrecht no Peru se concentra em seguir o rastro das propinas pagas entre 2005 e 2014 para funcionários peruanos em troca de favorecimento na concessão de contratos de obras públicas e também nas doações realizadas a candidatos políticos para financiar suas respectivas campanhas eleitorais.
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