Presidente do Peru pede que levantem seu sigilo bancário pelo caso Odebrecht

Publicado em 15/12/2017 - 07:05 Por Da Agência EFE - Lima

O presidente eleito do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, pede a união dos peruanos em discurso durante a cerimônia que proclamou oficialmente o resultados das eleições do dia 5 de junho

Uma das empresas do presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, é acusada de ter recebido pagamentos da Odebrecht - Ernesto Arias/EFE/Agência Lusa

O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, pedirá às autoridades judiciais do país que levantem seu sigilo bancário, após as acusações de que uma das suas empresas recebeu pagamentos da construtora Odebrecht. A informação é da Agência EFE.

"Peço o levantamento de meu sigilo bancário para que revisem tudo e assumo toda a responsabilidade que deriva de minhas ações", afirmou Kuczynski, em mensagem pela televisão, onde estava acompanhado de seus ministros.

Kuczynski disse que não se deixará intimidar pelas advertências da oposição no Congresso, liderada pelo fujimorismo, de que vai retirá-lo do cargo se ele não renunciar. "Compatriotas, não me deixarei intimidar, sou um homem honesto e, como fui toda a minha vida, estou pronto para defender a verdade perante a comissão da Lava Jato (do Congresso), perante a Promotoria".

O presidente disse ainda que enfrentará e não se esquivará, nem se esconderá diante das acusações porque não tem motivo para isso. "Não vou abdicar, nem da minha honra, nem dos meus valores, nem das responsabilidades como presidente de todos os peruanos. Convido todos os atores políticos a fazer o mesmo. Foi muito difícil para nós recuperar essa democracia, não a perderemos de novo", acrescentou.

As últimas horas deram uma reviravolta nas investigações sobre a Lava Jato no Peru. Na quarta-feira (13), a comissão do Congresso que investiga o caso revelou que uma empresa do presidente recebeu pagamentos da Odebrecht. Segundo a informação, a empresa Westfield Capital, de Kuczynski, cobrou mais de US$ 782 mil em consultorias entre 2004 e 2007, período em que o atual presidente foi ministro da Economia e primeiro-ministro do governo de Alejandro Toledo.

Kuczynski já tinha negado ter feito qualquer tipo de consultoria para a Odebrecht até que, no último sábado (9), reconheceu ter assessorado, por meio da First Capital, a H2Olmos, empresa do grupo Odebrecht concessionária do projeto irrigação de Olmos.

De acordo com o grupo de investigação do Congresso, a Odebrecht indicou que entre 2005 e 2013, foram feitos pagamentos de mais de US$ 4 milhões à First Capital por serviços de consultoria.

O presidente peruano disse que a informação divulgada é falsa e pediu aos compatriotas que não se deixem confundir por um "relatório tendencioso". Ele afirmou, em primeiro lugar, que não tem "qualquer relação como sócio ou executivo" com a First Capital, que disse pertencer ao empresário chileno Gerardo Sepúlveda.

Kuczynski reiterou que, em uma ocasião, prestou "serviço de assessoria financeira" para essa empresa, "de maneira absolutamente legítima, enquanto não ocupava cargo público" e mostrou a fatura por esse serviço.

O presidente também disse que a Westfield Capital pertence a ele, mas garante que nunca participou de suas atividades enquanto ocupou um cargo público.

"Com tudo isso sendo dito, é essencial que possamos explicar o que realmente está acontecendo aqui: a corrupção sistemática visa a ameaçar nosso governo e nosso sistema democrático, tão claro e tão sério", acrescentou.

A permanência de Kuczynski na presidência foi questionada nas últimas horas, depois que a oposição no Congresso, liderada pelo partido fujimorista Força Popular, manifestasse, de maneira quase unânime, que ele deve renunciar ou ser destituído, pelos supostos vínculos com a Odebrecht.

O presidente do Congresso, o fujimorista Luis Galarreta, afirmou que o plenário do Legislativo analisará hoje a mensagem do governante e ouvirá a posição de cada um dos grupos sobre a questão.

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