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Internacional

Opositor de Maduro denuncia violações a regras eleitorais na Venezuela

Agência EFE
Publicado em 20/05/2018 - 15:03
Caracas
Oposição diz que centros eleitorais estão vazios na Venezuela
© Miguel Gutiérrez/EFE/Direitos Reservados
Agência EFE

Segundo colocado nas pesquisas, o candidato à presidência da Venezuela Henri Falcón votou neste domingo no estado de Lara, no oeste do país, e denunciou mais de 350 violações às regras eleitorais cometidas pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Nicolás Maduro.

O ex-governador de Lara recorreu à imprensa para exigir que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) corrija imediatamente as violações da campanha de Maduro, candidato à reeleição e líder das pesquisas. "A situação é generalizada, com a instalação de pontos vermelhos como mecanismo de pressão, de chantagem política, social. Querem mais uma vez comprar a dignidade de um setor da população", disse.

Falcón criticava o PSUV e os partidos aliados do governo por cadastrarem os eleitores por meio da plataforma "Carteira da Pátria", um sistema do Executivo com vários dados dos eleitores, entre eles que benefícios eles recebem do Estado. Maduro ofereceu durante as últimas semanas um bônus através dessa carteira para os que fossem votar livremente. A medida foi proibida posteriormente pelas autoridades, mas o presidente não retirou os benefícios já concedidos até agora.

Falcón disse ter reiterado o pedido já feito à presidente do CNE, Tibisay Lucena, para ordenar o fim dessa estratégia chavista.

Em algumas seções eleitorais, os governistas instalaram os chamados "pontos vermelhos" para controlar a votação. Alguns deles tinham sido montados dentro das seções, apesar de também terem sido proibidos ontem pela CNE. 

O adversário de Maduro também denunciou o abuso do "voto assistido", isto é, o uso de acompanhantes para levar o eleitor até a máquina de votação para ajudá-lo no processo. O auxílio só é autorizado para idosos ou pessoas com alguma incapacidade.

As eleições ocorrem em meio à convocação de boicote feita pela Mesa da Unidade Democrática (MUD), a principal aliança da oposição, que decidiu não participar do pleito por considerá-lo fraudulento. Maduro também tem como adversários nas eleições o ex-pastor evangélico Javier Bertucci e o engenheiro Reinaldo Quijada.

Participação é de 12%, diz frente opositora

A Frente Ampla Venezuela Livre, um dos grupos de oposição ao governo do país, afirmou que a participação nas eleições presidenciais deste domingo é de apenas 12% e denunciou a presença de aliados do chavismo em 85% das seções eleitorais, o que viola um acordo firmado entre os candidatos antes do pleito.

"A participação de 12% mostra que não há ninguém nas seções eleitorais, que não há nenhum tipo de participação", afirmou o deputado Jose Manuel Olivares. Segundo o deputado do Primeiro Justiça (PJ), o cálculo é feito a partir de um sistema de dados do grupo em nível nacional. A Frente Ampla também tem pessoas em algumas seções e um registro da votação.

Oposição diz que centros eleitorais estão vazios na Venezuela
Oposição diz que centros eleitorais estão vazios na Venezuela - Miguel Gutiérrez/EFE/Direitos Reservados

 

"É menos da metade da participação esperada em processos anteriores. Isso é um relato importante para que todos nos preparemos para o que estão montando para esta noite. Para o show que pretendem fazer", explicou o deputado. Olivares agradeceu aos venezuelanos que decidiram não participar da eleição por serem coerentes em deslegitimar Maduro.

Os principais partidos da oposição, reunidos na coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), decidiram não participar do pleito por considerá-lo fraudulento. Por isso, eles decidiram boicotar e não reconhecer o resultado das eleições, um movimento apoiado por vários países, entre eles os Estados Unidos.

O deputado também denunciou a instalação dos chamados "pontos vermelhos", tendas com aliados do chavismo perto das seções eleitorais. Segundo Olivares, em 85% delas há simpatizantes governistas, o que viola os acordos pré-eleitorais.

"Há coação, há ameaças. Obrigam o cidadão a assinar uma lista e a perder sua dignidade. Novamente vemos que o governo segue sem cumprir sua palavra, segue zombando, uma das razões pelas quais não estamos neste processo", afirmou o parlamentar.

Olivares também disse que há uma média de 70% de voto assistido, o que, para ele, "viola o direito ao voto". Na Venezuela, as regras eleitorais só permitem que o eleitor seja ajudado na hora da votação em caso de dificuldade física ou se é idoso.

Os 20,5 milhões de venezuelanos aptos a votar hoje escolhem entre o atual presidente, Nicolás Maduro, o ex-governador de Lara Henri Fálcon, o ex-pastor evangélico Javier Bertucci e o engenheiro Reinaldo Quijada.