Acnur investigará morte do opositor venezuelano Fernando Albán
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) investigará a morte do opositor venezuelano Fernando Albán como parte do relatório elaborado pelo Conselho de Direitos Humanos sobre os abusos cometidos na Venezuela.
Ravina Shamdasani, porta-voz do Acnur, explicou em entrevista coletiva hoje (9) que a morte do vereador será um dos assuntos da investigação sobre as violações dos direitos humanos da organização.
"O Conselho de Direitos Humanos encarregou nosso escritório de elaborar um relatório sobre a Venezuela, por isso, investigaremos todos os aspectos da situação dos direitos humanos no país", disse ela.
Na última sessão do Conselho de Direitos Humanos, que terminou no final de setembro, foi adotada uma resolução que pede ao Acnur a investigação dos eventuais abusos e violações das liberdades individuais cometidas na Venezuela e a apresentação pública de tais pesquisas. A porta-voz explicou que foi pedido à Venezuela acesso ao país, sem que tenha sido dada uma resposta até o momento, "mas que as linhas de comunicação estão sempre abertas".
"O acesso ao país nos permitirá fazer uma investigação mais profunda e olhar para todos os lados", ressaltou.
O Ministério Público venezuelano informou que Albán, detido com a acusação de estar envolvido no atentado contra o presidente Nicolás Maduro, suicidou-se na sede do Serviço de Inteligência (Sebin) e que abriu uma investigação sobre o ocorrido, mas seu partido, o Primero Justicia (PJ), denunciou o caso como assassinato.
"Há muita especulação sobre o que aconteceu, se ele se suicidou, se o jogaram, se foi maltratado, e é por isso que precisamos de uma investigação independente e transparente para esclarecer as circunstâncias da morte", afirmou Ravina.
A porta-voz ressaltou que "Albán estava sob custódia do Estado e, portanto, o Estado tinha a responsabilidade de zelar por sua segurança, integridade e dignidade". Além disso, disse que o Acnur está "preocupado não só por sua morte, mas com o fato de Albán não ter sido apresentado a um juiz nas primeiras 48 horas, como estabelece a lei venezuelana".