Primeiro-ministro diz que Austrália não assinará pacto para migração
A Austrália não assinará o Pacto Mundial para a Migração, estabelecido no último mês de julho na Organização das Nações Unidas (ONU), por considerar que afeta sua soberania, confirmou nesta quarta-feira (21) o primeiro-ministro Scott Morrison.
"Este pacto mundial sobre a migração não é um bom acordo. Não vamos assiná-lo porque acredito que nos comprometeria", disse Morrison à emissora de rádio 2GB, acrescentando que não deixaria nunca que algo comprometesse as fronteiras do país.
Segundo Morrison, o acordo, previsto para ser adotado no início de dezembro em Marraquesh (Marrocos), "não faz distinção entre aqueles que entram ilegalmente na Austrália e os que vêm pela via correta".
A posição de Morrison coincide com a ferrenha política da Austrália contra a entrada de imigrantes ilegais no país, por via marítima, os quais devolve aos seus pontos de embarque. Essa posição é criticado por várias organizações internacionais, entre elas a ONU.
A Austrália, além disso, tem centenas de refugiados e solicitantes de asilo em centros em Nauru e Papua Nova Guiné. Eles esperam que os Estados Unidos aceitem acolhê-los, porque Camberra se nega a recebê-los no seu território, apesar de a maioria ter fugido de zonas de conflito.
Parte das crianças imigrantes e das famílias que estavam em Nauru foi transferida à Austrália nos últimos meses para receber atendimento médico, após as pressões de médicos diante da deterioração da saúde mental dos menores e antes das eleições que devem ocorrer antes de maio.
A migração é um dos assuntos em constante debate na Austrália e neste ano, em que o país superou antes do previsto os 25 milhões de habitantes, o governo propôs reduzir a cota de imigração permanente de 190 mil para 130 mil e estabelecer mecanismos para que os imigrantes se dirijam a áreas do interior.
O Pacto Mundial para uma Migração Segura, Ordenada e Regular foi estipulado em julho pelos Estados-membros da ONU, com exceção dos Estados Unidos, que se distanciou do processo no final de 2017, enquanto países como Israel também anteciparam que não o assinarão.
O texto, que não é vinculativo e será adotado oficialmente em uma cúpula a ser realizada em dezembro no Marrocos, procura ampliar as vias de migração regular, usar a detenção de imigrantes ilegais unicamente como último recurso e oferecer acesso a serviços básicos a todos os imigrantes, sem importar seu status.