Protestos causam queda de 25% na economia da França
A atividade econômica na França está impactada negativamente como consequência dos protestos do movimento dos coletes amarelos há mais de duas semanas, com quedas principalmente nos serviços e na indústria, um efeito que o governo classificou como "severo".
Em declaração à imprensa após se reunir com as principais organizações profissionais, o ministro de Economia e Finanças, Bruno Le Maire, disse ontem (3) que foram constatadas quedas de "15% a 25%, segundo os setores".
A queda para os grandes grupos de distribuição vai de 15 a 25%; para o pequeno comércio, de 20 a 40%; para os mercados atacadistas, de 15%, e para os restaurantes, "pelo menos de 20 a 50%", dependendo dos lugares.
Também foi constatada uma redução de 15% a 20% nas reservas de hotéis, explicou Le Maire.
No caso do setor automotivo, o ministro francês informou que Renault e Peugeot, as duas principais fabricantes na França, foram prejudicadas e que há "baixas maiores" na indústria agroalimentar.
Perdas chegam a 13,5 bilhões de euros
A Associação Nacional de Indústrias da Alimentação da França alertou em comunicado que, dado que as festas de fim de ano representam 20% da receita do setor, as perdas podem chegar a 13,5 bilhões de euros.
A patronal do transporte indicou que os protestos nas estradas já provocaram "mais de 400 milhões de euros" de prejuízo por causa dos caminhões bloqueados em engarrafamentos.
O ministro da Economia afirmou que o governo "examinará com toda a compreensão necessária" os processos das empresas para escalonar pagamentos de impostos e para a devolução de penalizações.
Além de fazer um primeiro balanço econômico, Le Maire aproveitou para analisar as raízes deste conflito, que, segundo ele, é consequência de "fraturas que se vêm agravando há anos e que ameaçam a união nacional".
De acordo com o ministro, na origem disso estão as políticas econômicas que, durante as três últimas décadas, não permitiram criar empregos suficientes, por causa do aumento do gasto público que significou mais dívidas e impostos.
O movimento dos "coletes amarelos" surgiu de forma espontânea, sem filiação a nenhum grupo político, e foi organizado em redes sociais para protestar contra uma nova alta dos impostos nos combustíveis a partir de janeiro.
As exigências incluíram ainda reajuste do salário mínimo e a renúncia do presidente francês, Emmanuel Macron, que continua no cargo.