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Internacional

Custo de vida aumenta insatisfação em Hong Kong, diz especialista

Protestos ocorrem em paralelo à guerra comercial entre China e EUA
Gilberto Costa – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 13/08/2019 - 21:22
Brasília
Manifestantes protestam em Hong Kong
© REUTERS/Tyrone Siu/Direitos Reservados
Manifestantes protestam em Hong Kong
© REUTERS/Tyrone Siu/Direitos Reservados

Os protestos que ocorrem há dois meses em Honk Kong, e que nos últimos dois dias ocuparam o aeroporto internacional da cidade, podem ter outra motivação além do temor de diminuição da liberdade da população.

Junto com a intensificação da influência decisória da China sobre a “região administrativa especial”, o aumento do custo de vida pode também ser um fator que tem mobilizado, especialmente, os jovens contra o governo local e o governo em Pequim.

“Existe uma insatisfação da população mais jovem em relação à situação econômica em Hong Kong. Eles consideram que o salário não é satisfatório”, avalia o especialista em Ásia Alexandre Ratsuo Uehara, coordenador acadêmico do Centro Brasileiro de Estudos de Negócios Internacionais & Diplomacia Corporativa da ESPM.

Segundo Uehara, "em Hong Kong, a renda per capita é elevada, mas o custo de vida subiu nos últimos anos. As pessoas têm nível educacional bastante bom, mas o salário não tem se elevado na medida da expectativa”.

Guerra comercial

O especialista também chama atenção para o fato de que os protestos em Hong Kong ocorrem em paralelo à guerra comercial entre China e os Estados Unidos. “Uma parcela das operações comerciais da China se faz por Hong Kong”, explica Uehara. Conforme a Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2018, Hong Kong destinou 8,1% das suas exportações para os EUA.

O especialista acrescenta que os norte-americanos temem que o Pequim intervenha diretamente sobre a região. “Isso poderia gerar mais protestos, inclusive dos Estados Unidos e aumentar a escala de tensão”.

O presidente dos EUA, Donald Trump, compartilhou mensagem em rede social na tarde desta terça-feira (14h17) descrevendo que os serviços de inteligência norte-americanos teriam informado que” o governo chinês está movendo tropas para a fronteira com Hong Kong”. De acordo com Trump, “todos devem ficar calmos e seguros!”

Além de ser um dos centros financeiros mais importantes do mundo, por onde se transaciona grande parte do fluxo financeiro da Ásia, Hong Kong é um importante exportador de equipamentos elétricos e eletrônicos e de telefonia.

Hong Kong fica no sudeste da China e tem uma área de 1.104 km², cerca de um quinto do tamanho Distrito Federal, onde está Brasília. A população estimada é de 7,3 milhões de habitantes.

Desde que a China, em 1998, recuperou a soberania sobre o território, a região goza de status político e administrativo especial, do princípio “Um País, Dois Sistemas”, conforme descreve o Ministério das Relações Exteriores.

Protestos, Hong Kong.
 REUTERS/James Pomfret
Protestos, Hong Kong. REUTERS/James Pomfret - REUTERS/James Pomfret/Direitos Reservados

Depois da tentativa de acabar com os protestos no Aeroporto Internacional de Hong Kong, o governo local divulgou nota afirmando que a polícia interveio após pedido da administração aeroportuária, e que os manifestantes “agrediram um viajante e um repórter, bem como impediram uma equipe de ambulância de levar o viajante ao hospital”.

Mais cedo, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, divulgou nota condenando qualquer forma de violência ou destruição de propriedade e pedindo que as manifestações ocorressem de maneira pacífica.