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Internacional

Suspeito de bomba incendiária no Colorado planejou ataque por um ano

Foi o mais recente ato de violência contra judeus norte-americanos
 Evan Garcia, Patrick Wingrove e Rich McKay - Repórteres da Reuters*
Publicado em 03/06/2025 - 07:28
Boulder (Colorado)
Local de ataque em Boulder
 1/6/2025   REUTERS/Mark Makela
© REUTERS/Mark Makela/Proibida reprodução
Reuters

Um cidadão egípcio, acusado de jogar bombas de gasolina em um comício pró-Israel no Colorado, ferindo uma dúzia de pessoas, passou um ano planejando o ataque e optou por coquetéis molotov porque sua condição no país o impedia de comprar armas de fogo, disseram os promotores nessa segunda-feira (2).

Mohamed Sabry Soliman, de 45 anos, disse aos investigadores que queria "matar todos os sionistas", mas adiou o ataque na cidade de Boulder até que sua filha se formasse no ensino médio, de acordo com documentos dos tribunais estadual e federal que o acusam de tentativa de homicídio, agressão e crime federal de ódio.

Declarações juramentadas da polícia e do FBI citam o suspeito dizendo que ele aprendeu a atirar com arma de fogo em um curso que fez. O objetivo era obter uma licença de porte oculto, mas ele acabou usando coquetéis molotov por causa de sua situação imigratória. Soliman disse aos investigadores que aprendeu a fazer as bombas de fogo no youtube.

Todd Lyons, diretor interino do Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (EUA), disse que Soliman havia ultrapassado o prazo de validade de seu visto de turista e tinha uma permissão de trabalho vencida.

Autoridades do governo Trump imediatamente aproveitaram a violência de domingo como exemplo para justificar por que estão reprimindo a imigração ilegal.

Um depoimento policial, apresentado em apoio ao mandado de prisão de Soliman, disse que ele nasceu no Egito, morou no Kuwait por 17 anos e se mudou há três anos para Colorado Springs, cerca de 61 km ao sul de Boulder, onde morava com a esposa e cinco filhos.

"À luz do terrível ataque de ontem, todos os terroristas, seus familiares e simpatizantes do terrorismo que estão aqui com visto devem saber que, sob o governo Trump, nós os encontraremos, revogaremos seus vistos e os deportaremos", disse o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, no X.

De acordo com a polícia de Boulder, Soliman havia planejado por um ano a realização do ataque, que ocorreu no Pearl Street Mall, um popular distrito comercial para pedestres próximo à Universidade do Colorado.

As vítimas, muitas delas idosas, estavam participando de um evento organizado pela Run for Their Lives, organização dedicada a chamar a atenção para os reféns capturados após o ataque do Hamas a Israel em 2023.

O ataque foi o mais recente ato de violência contra judeus norte-americanos, ligado à indignação com a escalada da ofensiva militar de Israel em Gaza. Ele se seguiu ao tiroteio e morte de dois assessores da Embaixada de Israel, do lado de fora do Museu Judaico da Capital, em Washington, no mês passado.

A procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, disse que o suspeito seria responsabilizado em toda a extensão da lei pelo que foi descrito como um "ataque terrorista antissemita".

Segundo autoridades, foram encontrados 16 coquetéis molotov cheios de gasolina perto do local onde o suspeito foi detido.

A polícia também encontrou uma lata de gasolina em seu carro, estacionado nas proximidades, e um pulverizador de ervas daninhas cheio de gasolina no local. O depoimento federal faz referência a um vídeo publicado nas mídias sociais durante o ataque que mostra Soliman "sem camisa, andando de um lado para o outro enquanto segura o que parecem ser coquetéis Molotov".

Durante breve aparição no tribunal nessa segunda-feira, Soliman apareceu por meio de uma transmissão de vídeo da Cadeia do Condado de Boulder, em pé e vestindo um macacão laranja. Ele respondeu "sim" a algumas perguntas processuais do juiz, mas não se manifestou.

A advogada de Soliman, a defensora pública Kathryn Herold, disse durante a audiência que reservaria quaisquer argumentos relativos às condições de sua fiança para uma data futura.

O suspeito pode pegar uma sentença máxima de prisão perpétua se for considerado culpado na acusação federal de crime de ódio, e ele também foi acusado de tentativa de homicídio no tribunal estadual.

As múltiplas acusações de tentativa de homicídio são puníveis com até 384 anos de prisão.

Um porta-voz do Departamento de Segurança Interna disse anteriormente que Soliman havia entrado nos Estados Unidos em agosto de 2022 e pediu asilo no mês seguinte. "O suspeito, Mohamed Soliman, está ilegalmente em nosso país", disse o porta-voz.  

*(Reportagem adicional de Jasper Ward, Raphael Satter, Mark Makela, Kristina Cooke, Nate Raymond, Joseph Ax e Keith Coffman)

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