Projetos de inclusão e valorização cultural são destaques em premiação escolar
Com a adaptação do primeiro parquinho infantil para crianças especiais de Manaus (AM), a professora Michelle Nunes da Silva, do Centro Municipal de Educação Infantil Professor Caio Carlos Frota de Medeiros, quis dar autonomia aos alunos e levar a inclusão para dentro da escola. Ela trabalhou em conjunto com a comunidade para construir um espaço de recreação que pudesse integrar alunos autistas, deficientes visuais, com paralisia cerebral e comprometimento motor.
“Com o parquinho, nós trouxemos autonomia para a criança especial, porque se ela dependia do professor para carregar para dentro do balanço, agora ela pode brincar com o coleguinha”, explica. Com o projeto, Michelle foi uma das vencedoras do prêmio Professores do Brasil, entregue na última quinta-feira (3), em Brasília.
Segundo a professora, o modelo tradicional de parquinhos limita a participação das crianças com alguma deficiência. O parquinho adaptado tem, por exemplo, um túnel feito com pneus de ônibus espaçados, para que crianças autistas possam utilizar sem medo do escuro, e com uma rampa tátil, para que as crianças cegas possam se divertir também. O escorregador tem a altura adequada e escadas não vazadas, que permitem autonomia para as crianças brincarem. “Para as mães, ver seus filhos brincarem sozinhos é um sonho”, diz a professora.
Diversidade cultural
Outro projeto que recebeu destaque foi o da professora Darlete Souza do Nascimento, da Escola Estadual Ayrton Senna da Silva, de Boa Vista (RR). Ela dá aula de Língua Espanhola e usou a disciplina para conscientizar os alunos sobre a importância da diversidade cultural e do combate à xenofobia. Como na região da fronteira vários alunos são de outros países, havia uma discriminação dentro da escola, segundo a professora.
“Hoje o meu aluno que é venezuelano, que é guianense já não é mais tão rechaçado e desrespeitado pelos outros, porque tentamos trabalhar essas questões. Antes da pesquisa, em conversas informais com os alunos, eles mesmos relataram questões de discriminação”, conta. O trabalho envolveu cerca de 500 alunos.
Cultura regional
O resgate da cultura regional e do artesanato com crianças de 4 e 5 anos do município de Chuvisca (RS) foi o objetivo do projeto da professora Adriane Tavares Bilhalva, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Arlindo Bonifácio Pires. Ela trabalhou o plantio do porongo, um fruto utilizado para fazer cuias de chimarrão.
A professora plantou as sementes de porongo em casa e levou as mudas para que os alunos cultivassem em suas propriedades. “A minha avó dizia que toda família sempre tinha um pé de porongo para fazer uma cuia de chimarrão. Mas os pais não sabiam onde tinham sementes nem como plantar”, disse.
Além da cuia, foram feitos vários objetos com o porongo. “O projeto também despertou a curiosidade nas crianças, em saber que outras frutas também vêm de sementes e são cultivadas da mesma forma. E a alegria de levar para casa os artesanatos que elas fizeram”, explicou.
Música e integração
No prêmio Gestão Escolar, também entregue esta semana, o destaque foi o Colégio Estadual Professora Maria das Graças Menezes Moura, em Itabi (SE). A diretora da escola, Maria das Graças Melo, explica que o diferencial é a integração de todos os segmentos da escola, a gestão participativa e as parcerias com órgãos municipais. Além disso, são oferecidas na escola oficinas para o acompanhamento pedagógico dos alunos em português, matemática, raciocínio lógico e produção de textos. “Detectar o problema e não ajudar não funciona. Percebemos que, além de detectar, temos que oferecer oportunidade para desenvolvimento dos alunos.”
Os alunos da escola também têm aulas de música e aprendem a tocar violino. Para a diretora, isso ajuda na aprendizagem e na disciplina dos alunos. “Em pleno sertão do Sergipe ter música clássica é fantástico, é um sucesso”, destaca.
Na última quinta-feira, 30 professores e 27 escolas públicas de todo o país receberam os prêmios Professores do Brasil e Gestão Escolar, que têm o objetivo de valorizar os profissionais do magistério das redes públicas de educação básica e as boas práticas de gestão nas escolas.