Recifes com rica biodiversidade são encontrados na foz do rio Amazonas
Pesquisadores de diversas universidades brasileiras encontraram um enorme conjunto de recifes na foz do rio Amazonas, abaixo de uma pluma de sedimentos. Ele se estende por cerca de 700 quilômetros do Maranhão à Guiana Francesa, numa profundidade que varia de 60 a 150 metros, e apresenta uma rica biodiversidade.
Os recifes são formações rochosas construídas, principalmente, de corais e algas calcárias. O tamanho desse ecossistema chamou a atenção dos cientistas, mas o que mais impressionou foi a localização.
“Existe uma ideia, que agora está sendo meio abandonada, de que nas desembocaduras de grandes rios que levam muita água doce e partículas em suspensão, devido à baixa penetração de luz, não teria condição de os organismos que formam o recife se desenvolverem. A grande sacada desse trabalho é encontrar uma estrutura tão grande numa área onde se acreditava não existir condição de luz para o surgimento desses organismos”, explica o geólogo e professor no Instituto de Oceanografia da USP, Universidade de São Paulo, Michel Mahiques.
Inédito
Para ele, é o primeiro recife no mundo a ser descoberto nessas condições. Ele teria se formado entre 12 mil e 14 mil anos atrás, o que é considerado muito recente na geologia. Nesse ecossistema podem ser encontradas espécies desconhecidas como esponjas gigantes com até dois metros de diâmetro pesando até 100 quilos.
“Na verdade, é um ecossistema todo baseado na falta de luz. Então, existem microorganismos que sintetizam alimento para outros organismos. Foram encontradas algas calcárias, algumas espécies de coral, até peixes e organismos maiores que dependem desse processo que a gente chama de quimiosíntese (que não necessita de luz para se desenvolver)”, conta o pesquisador.
O geólogo informou que a equipe de pesquisadores pretende voltar ao local para continuar o mapeamento da área do recife. Até o momento, em duas expedições ao local, foram mapeados apenas 15% do ecossistema. O levantamento total da área pode levar cerca de três meses. A meta é utilizar um navio oceanográfico que permite uma boa visão do fundo do rio. A descoberta - inédita de cientistas brasileiros - foi divulgada na revista científica americana Science.