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Fiocruz terá centro de fármaco na UFRJ para estimular produção de insumo no país

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 06/10/2016 - 11:43
Rio de Janeiro
O salão de exposições do Museu da Vida exibe uma série de materiais educativos produzidos pelos estudantes do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em torno da temática Educação em saúde para
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Um centro de pesquisa em fármacos será instalado no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, zona norte do Rio de Janeiro. O acordo foi assinado hoje (6) com a Fiocruz para a implantação do Centro de Referência Nacional em Farmoquímica, do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz).

O acordo é o primeiro passo para que a Fiocruz possa contratar o projeto executivo do Centro. A previsão é que o projeto seja feito em 2017 para o prédio ser construído em 2018 e os cientistas começarem a trabalhar no local a partir de 2019.

O objetivo é desenvolver Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA), ou seja, princípios ativos para medicamentos, com prioridade para tratamento de males antigos, mas que ainda hoje atingem a população brasileira – como malária, esquistossomose e leishmaniose – chamadas de doenças negligenciadas.

O diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe, explica que o trabalho de pesquisa em laboratório já é feito pela instituição, mas a novidade será desenvolver em escala-piloto para, posteriormente, havendo interesse da indústria farmoquímica, repassar a tecnologia para a produção em escala industrial.

“A importância que a gente vê nesse projeto é dotar o país de maior grau de soberania na obtenção desses produtos. Haja visto o caso que vivemos hoje com a falta de antibióticos aqui no nosso país, principalmente a benzilpenicilina. Como nós não temos capacidade de síntese e dependemos das importações, na medida em que os fabricantes optem por não produzir mais, descontinuar ou aumentar muito o preço, isso cria barreiras muito sérias para o nosso país”.

De acordo com ele, atualmente o Brasil é “extremamente dependente” da importação de insumos, principalmente chineses e indianos. Após a construção do prédio, os equipamentos que estão em Manguinhos – em um local antigo e apertado, segundo Felipe – serão transferidos para o Centro na UFRJ. Além de expandir a capacidade de pesquisa, o local também será referência na formação de recursos humanos para o setor de fármacos.

O diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, José Carlos Pinto, explica que o Centro será construído e coordenado por Farmanguinhos, mas também vai contar com pesquisadores da universidade. Para ele, o projeto vem suprir uma lacuna fundamental para a autonomia brasileira na fabricação de medicamentos.

“O Brasil importa quase a totalidade dos insumos farmacêuticos que a gente utiliza – cerca de 95%. Ou seja, o Brasil é fortemente dependente da importação de insumos médicos. Para um país do tamanho do Brasil, como cidadão brasileiro, eu diria que isso é estrategicamente absurdo", disse.

O Centro de Referência vai ocupar um espaço de 7 mil metros quadrados, ao lado de outros 54 núcleos de pesquisa em diversas áreas, como petróleo e gás, sustentabilidade e tecnologia. O Parque Tecnológico da UFRJ ocupa uma área de 350 mil metros quadrados e abriga centros de pesquisa de empresas como Petrobras, Siemens, Ambev e GE.