Vacarezza nega envolvimento com Vargas e Youssef para beneficiar laboratório
O deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) disse hoje (1º) em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados que conhece o deputado André Vargas (sem partido-PR) "há muito tempo", mas negou que tenha tratado com ele sobre acordo com o laboratório Labogen.
Vacarezza disse que também conhece o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato, mas ressaltou que, ao contrário do que foi divulgado pela imprensa, nunca houve reunião entre os três para tratar de negócios com o Labogen ou de política. O deputado disse ainda que não sabia que Youssef era doleiro, “sabia apenas que era empresário”.
O depoimento foi primeiro colhido pelo Conselho de Ética no processo de quebra de decoro contra o deputado André Vargas, ex-vice-presidente da Casa.
O processo foi aberto depois que investigação da Operação Lava Jato apontaram ligações de Vargas com o doleiro Alberto Youssef, preso Polícia Federal (PF). Conversas obtidas pela PF indicam que Vargas intercedeu em favor de uma das empresas de Youssef, o laboratório Labogen, em contratos com o Ministério da Saúde.
Além disso, a operação constatou que Vargas usou um avião fretado por Youssef para fazer uma viagem a João Pessoa com a família, fato depois confirmado pelo deputado.
No depoimento, Vacarezza disse que foi um “erro gravíssimo” do deputado Vargas aceitar o empréstimo do avião, mas defendeu Vargas da acusação de lobby a favor da Labogen.
A Operação Lava Jato, deflagrada no dia 17 de fevereiro pela PF, cumpriu 24 mandados de prisão e 15 de condução coercitiva, além de 81 de busca e apreensão em 17 cidades.
A princípio, Youssef, que está preso em Curitiba, seria ouvido por videoconferência amanhã (2) pela comissão, porém a Justiça Federal no Paraná atendeu a pedido da defesa e cancelou a oitiva alegando “economia processual”.
O relator do processo, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), disse que a comissão ainda vai tentar ouvir o doleiro e não descarta o envio de uma comitiva do colegiado a Curitiba.
Segundo Delgado, estão mantidos para amanhã os depoimentos dos donos do laboratório Labogen, Leonardo Meireles e Esdras Ferreira, suspeitos de ter conseguido contrato com o Ministério da Saúde a partir de um pedido de Vargas.
O prazo para o relator concluir o processo termina no dia 30 de julho, caso não haja recesso parlamentar. Caso a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) seja votada e a Casa entre em recesso, o prazo final se estende até o dia 11 de agosto. Depois disso, Vargas será ouvido antes que a comissão vote pela punição ou não do deputado.