Movimentos populares fazem plenária em São Paulo sobre direitos e corrupção

Publicado em 01/04/2015 - 07:32 Por Bruno Bocchini – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Partidos políticos, centrais sindicais e diversos movimentos populares fizeram, na noite de ontem (31), uma plenária na capital paulista sobre ampliação de direitos e o combate à corrupção. Denominada Plenária Nacional em Defesa dos Direitos da Classe Trabalhadora, por Mais Democracia, Combate à Corrupção, contra o PL 4330 (que regulamenta a terceirização) e em Defesa da Petrobras, o ato reuniu centenas de militantes e líderes políticos na quadra do Sindicato dos Bancários, na Sé.

Lideranças dos movimentos populares, centrais sindicais e partidos políticos – como PT e PCdoB – defenderam o governo da presidenta Dilma Rousseff e a reforma política, mas também fizeram críticas. “Estamos aqui em defesa de um legado dos últimos 12 anos que elevou a capacidade e melhoria da qualidade de vida da classe trabalhadora. Precisamos defender esse projeto político que nós construímos”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.

“Jamais aceitaremos o golpismo, mas não aceitamos e não podemos achar que o ajuste fiscal feito pelo [ministro da Fazenda Joaquim] Levy vá levar esse Brasil à frente, porque não vai. Nós necessitamos que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados. E há insatisfação da classe trabalhadora, registre-se”, acrescentou o presidente da CUT, uma das entidades organizadoras do ato.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), Gilmar Mauro, destacou que o movimento defenderá o governo se houver ameaça de golpe, mas criticou também a política econômica desenvolvida pelo governo federal. “Não haverá golpes no país sem resistência de massa nas ruas. Não iremos para debaixo da cama, nem para a França. É esse o nosso país e aqui nós vamos estar. Os nossos movimentos não formaram covardes”, disse.

“Nós precisamos de ajustes, mas não ajustes que agridam os direitos conquistados com muito sacrifício e esforço pelo nosso povo. Precisamos de ajustes contra o capital financeiro, contra as grandes fortunas. Precisamos de ajustes com esses 500 anos de latifúndio e 400 anos de escravidão no país”, acrescentou.

O presidente do PT, Rui Falcão, pediu unidade aos partidos, centrais e movimentos sociais para criar uma frente única em defesa da democracia e defendeu a política de inclusão do governo. “Toda a esquerda e o movimento social estão sob ataque neste momento. Sob ataque de uma direita que não se conforma com as mudanças em nosso país. Nós não queremos afirmar o projeto do PT, do PCdoB, da CUT, do MST, queremos que prossiga o projeto de desenvolvimento do nosso país que tirou milhões da miséria”, disse.

Raimundo Bomfim, coordenador da Central dos Movimentos Populares, ressaltou que os movimentos sociais não vão aceitar a retirada de direitos e destacou que o avanço conservador poderá ser combatido nas ruas, se necessário. “Se o andar de cima continuar insistindo em bater panela, o andar de baixo só tem uma alternativa: vamos botar fogo no fogão.”

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o ajuste na economia feito pelo governo federal e ressaltou que a política será alterada assim que o panorama melhorar. “Era necessário fazer um ajuste. Eu fiz um ajuste mais forte do que esse em 2003 porque era necessário. E agora a companheira Dilma tinha a necessidade de dar uma parada”, disse. “Mas, quando as coisas melhorarem, a Dilma começa a reajustar as coisas, outra vez, favorável ao povo brasileiro”, acrescentou.

Lula disse ter consciência que os sindicatos e movimentos sociais não concordam com a política do Palácio do Planalto. “O sindicato não está contente, tenho certeza de que o movimento social não está. Por isso que vocês têm feito reivindicações indo a Brasília. Com a Dilma, vocês têm certeza de que podem negociar”, disse.

“A presidenta Dilma deveria saber o seguinte, e ela sabe. Ela sabe como eu sei, ela participou: quando eu estava no sufoco, quem foi me estender a mão, jogar uma boia para me salvar, não foi o mercado, foi a classe trabalhadora brasileira”, afirmou.

Os pronunciamentos sobre a situação política brasileira na plenária foram uma prévia sobre os temas que serão levados às ruas nos dias 7 de abril e no 1º de Maio, Dia do Trabalhador, quando haverá grandes atos marcados pelos movimentos populares. Participaram do evento de ontem representantes de movimentos sociais, como a Coordenação Nacional das Entidades Negras, o Centro de Estudos de Comunicação Barão de Itararé, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Marcha das Mulheres, e a Central dos Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB).

Edição: Denise Griesinger

Últimas notícias