Tensão em reunião do Parlasul diminui após retirada de nota sobre impeachment
O Parlamento do Mercosul (Parlasul) retirou hoje (26) de seu site nota assinada pelo parlamentar argentino e presidente do colegiado, Jorge Taiana, sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A retirada do texto acalmou os ânimos de parte da representação brasileira no Parlasul que, ontem (25), abandonou um evento em comemoração dos 25 anos do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai.
A publicação que revoltou parlamentares brasileiros diz que o processo que tramita contra Dilma no Senado “é um golpe parlamentar e uma utilização forçada da lei do impeachment”.
O deputado Arthur Maia (PPS-BA) questionou a autoridade do presidente do Parlasul para publicar a nota em nome do colegiado. “O senhor não tem direito de fazer manifestações pessoais em nome da instituição. Sua declaração foi leviana”, disse Maia a Taiana em discurso. Segundo Maia, a nota dava a entender que a posição contrária ao impeachment era do Parlasul e não opinião pessoal do argentino.
Maia disse que pediu a Taiana que retirasse a nota do site, porque o texto “humilhou” os parlamentares brasileiros que defendem o afastamento constitucional da presidenta. “O senhor pode declarar, como parlamentar, suas opiniões, mas não pode fazer isso usando o Parlasul”, criticou o deputado baiano.
Fundão
A publicação da nota não foi o único motivo que levou parte dos parlamentares brasileiros a se retirar da reunião. Segundo Maia, os congressistas também se incomodaram com os lugares reservados para a delegação brasileira, no fundo do local onde ocorreu o evento. “A designação dos lugares [últimas cadeiras] foi uma consequência do que Taiana disse no documento publicado no domingo. Foi uma retaliação para humilhar a delegação brasileira”, disse.
O evento, que faz parte das comemorações dos 25 anos do Mercosul, terminou hoje. O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) foi um dos parlamentares que permaneceram na reunião de ontem por discordar da atitude da delegação brasileira. A assessoria do deputado disse à Agência Brasil que o Wyllys considerou a atitude dos colegas um gesto arrogante. “Um setor político saiu alegando que se sentia ofendido porque tinha sido colocado em uma fileira no fundo da sala. A imagem que a delegação brasileira passou muito ruim, arrogante.”
Segundo assessores de Wyllys, o presidente do Uruguai, Tabaré Vasquez, chegou a se sentar próximo da delegação brasileira para mostrar que não havia motivos para a “rebelião” dos deputados. “Em um gesto de humildade ele foi lá tentar convencê-los a ficar, mesmo assim eles se levantaram e foram embora e isso foi muito constrangedor. O deputado Jean disse que viu o ato como um gesto de arrogância e resolveu ficar, pois estava ali para representar o Brasil.”