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Política

Autor do 342º voto na Câmara pelo impeachment, Bruno Araújo assume Cidades

Felipe Pontes – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 12/05/2016 - 17:54
Brasília
Brasília - Deputado Bruno Araújo durante discussão da autorização ou não da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, no plenário da Câmara dos Deputados (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Deputado Bruno Araújo assume o Ministério das Cidades do governo Michel TemerFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Alçado aos holofotes por ter proferido o 342º voto a favor da admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o que garantiu a maioria de dois terços necessária para que o pedido fosse encaminhado ao Senado, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) assume hoje o Ministério das Cidades.

Ele é um dos nomes indicados pelo PSDB para compor o governo de Michel Temer, que assumiu a Presidência após Dilma ter sido afastada por até 180 dias, enquanto o Senado realiza o julgamento final sobre seu impedimento.

Araújo, que cumpria seu terceiro mandato como deputado federal, passou a ganhar destaque a partir de 2012, quando se tornou líder do PSDB na Câmara. Até fevereiro deste ano, ele desempenhou o papel de líder da oposição e foi um defensor de primeira hora do impeachment de Dilma, mesmo quando as lideranças tucanas ainda se demonstravam relutantes em encampar a proposta.

Para marcar sua posição contra Dilma, ele chegou a subir na tribuna da Câmara com uma panela nas mãos para fazer barulho durante uma sessão ordinária de votação, em março de 2015. O ato foi um protesto em resposta ao pronunciamento em cadeia nacional que fora proferido pela presidenta dias antes, no Dia Internacional da Mulher, quando foram registrados panelaços em diversas cidades brasileiras.

Nos quase dez anos de atuação legislativa, Araújo conseguiu aprovar apenas um projeto de lei de autoria exclusivamente sua: a criação do Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce da Retinoblastoma (câncer na retina), em 18 de setembro. Ele foi coautor, no entanto, da lei que criou o Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Ele integrou a comitiva da Câmara que viajou a Honduras, em 2009, num esforço para pacificar o país centro-americano, após o golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya. Lá, os deputados causaram polêmica ao aceitarem se reunir com a vice-ministra de Relações Exteriores do governo golpista, Marta Alvarado. Integravam também a comitiva os deputados Raul Jungmann (PPS-PE) e Mauricio Rands (PT-PE). À época, Michel Temer, então presidente da Câmara, elogiou os trabalhos da excursão.

Escutas telefônicas

Filho do ex-deputado Eduardo Araújo, Bruno começou cedo na política, elegendo-se em 1998 como o deputado estadual mais jovem de Pernambuco, aos 26 anos. Reeleito em 2002, ele se envolveu em um caso que gerou ampla repercussão na imprensa local alguns anos depois.

Em maio de 2005, quando era líder do governo Jarbas Vasconcelos na Assembleia Legislativa, Araújo foi flagrado em interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, nas quais articulava a transferência do delegado responsável por uma investigação sobre a gestão de Ranieri Aquino de Freitas, ex-prefeito do município de Sanharó, no agreste pernambucano.

Mesmo assumindo o conteúdo das conversas, Araújo não chegou a ser indiciado. Após o vazamento das escutas, no entanto, o delegado em questão foi mantido no caso. Ranieri acabou acusado pelo Ministério Público de Pernambuco por diversos crimes. A condenação mais recente do ex-prefeito foi em 2015, de 25 anos de prisão por fraude em licitação e desvio de recursos públicos, entre outras irregularidades.