Cabral diz em audiência que juiz demonstrou prejulgamento em seus processos

Publicado em 31/07/2017 - 20:12 Por Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O ex-governador Sérgio Cabral, disse hoje (31), durante depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que o magistrado demonstrou prejulgamento durante entrevista que concedeu ao jornal Valor há duas semanas. A acusação gerou um momento de tensão durante o interrogatório.

Bretas rebateu e disse que não há nada na entrevista que aponte prejulgamento e que dar entrevista é uma forma do juiz prestar contas à sociedade. Em outro momento, Cabral questionou uma decisão do juiz em relação ao seu processo e Bretas o interrompeu: "Senhor Cabral, não dou o direito de o senhor discutir minhas decisões".

O juiz Marcelo Bretas interrogou nesta segunda-feira o ex-governador Sérgio Cabral, a esposa de Cabral, Adriana Ancelmo, o empresário Eike Batista e o ex-vice-presidente do Flamengo, Flávio Godinho. O interrogatório foi referente à ação penal resultante da Operação Eficiência, desdobramento da Operação Calicute, deflagrada pela Polícia Federal em janeiro deste ano. Eles são acusados de crimes de lavagem de dinheiro com ocultação no exterior de aproximadamente US$ 100 milhões.

De acordo com o Ministério Público, Cabral recebeu do empresário Eike Batista US$ 16,5 milhões em propina, além de R$ 1,5 milhão por meio do escritório de advocacia de Adriana Ancelmo. Ele também negou que tenha havido pagamento de propina para que o Rio fosse sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Sérgio Cabral é réu em outras 11 denúncias e já foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro, na Operação Lava Jato.

O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, disse que fará arguição de suspeição (processo para afastar do caso um juiz, membro do Ministério Público ou servidor da Justiça que se desconfie de ser parcial em um caso) do juiz Marcelo Bretas de todos os 11 processos que preside contra Cabral, com base nas declarações que o juiz fez à imprensa.

“Pelo teor das declarações, ele teria só uma dúvida, se foi um crime ou se foi outro crime. Ou seja, não aceita nem por hipótese uma absolvição. Ele diz ‘ou foi propina, e portanto corrupção e ostentação, ou foi lavagem de ativos'”, argumentou o advogado. “Estou convencido de que a sentença foi dada por essa matéria. Juízes não podem se manifestar e antecipar seus juízos em relação ao mérito das causas que julgam, está na Lei Orgânica da Magistratura nacional”.


 

Edição: Fábio Massalli

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