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Política

Carlos Marun é escolhido relator da CPI da JBS no Congresso

Débora Brito - Repórter da Agência Brasil*
Publicado em 12/09/2017 - 16:03
Brasília
Brasília - O presidente do colegiado, senador Ataídes Oliveira, indicou o deputado Carlos Marun como relator da CPMI criada para investigar as atividades do Grupo JBS (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
© Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Brasília - O presidente do colegiado, senador Ataídes Oliveira, indicou o deputado Carlos Marun como relator da CPMI criada para investigar as atividades do Grupo JBS (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Deputado Carlos Marun (à esquerda) é o relator da comissão que vai investigar irregularidades envolvendo a empresa JBSFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) foi escolhido hoje (12) para ser o relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar irregularidades envolvendo o grupo JBS e a holding J&F em operações com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A comissão também deve apurar as condições em que foi firmado o acordo de delação premiada entre os empresários da companhia e o Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Lava Jato.

A delação resultou nas denúncias que envolveram o nome do presidente Michel Temer em participação de esquema de pagamento de propina e troca de favores entre os empresários e o governo. Na semana passada, as investigações sofreram uma reviravolta após a divulgação de um áudio de quatro horas em que os executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, da holding, acertam, de acordo com o MPF, a omissão de informações aos investigadores. Os executivos foram presos preventivamente devido aos fatos.

Marun é um dos principais aliados do governo de Michel Temer e em sua campanha recebeu recursos de outros candidatos que foram financiados pela JBS. O deputado nega que se sinta impedido para ser relator e que pautará o trabalho da comissão pela “busca da verdade”.

“Eu me sentiria impedido se eu tivesse relação estreita com a JBS, coisa que eu não tenho. Então, me sinto completamente à vontade e tranquilo para o exercício dessa relatoria. Tenho uma relação estreita com o governo. Mas eu vou atuar em cima da verdade”, declarou Marun.

Expectativas

O deputado disse ainda que espera que a CPI não se transforme em “espetacularização” e palanque eleitoral. “Eu desejo que essa CPI apresente à população brasileira as respostas que a sociedade quer saber. Por que A JBS teve tantas facilidades junto ao BNDES? Qual o resultado de tudo isso? Afinal, deu prejuízo pro banco ou não deu? Se suas dívidas previdenciárias têm algum tipo de justificativa e, em terceiro lugar, as circunstâncias que envolvem este acordo de delação, que hoje está aí sofrendo todos os tipos de contestação”, disse.

O deputado não será o único relator da investigação. Segundo o presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), o deputado Fernando Francischini (SD-PR) vai ficar com a primeira subrelatoria para tratar dos contratos com o BNDES, dos financiamentos e da delação. Já a segunda relatoria, nas áreas fiscal, previdenciária e agropecuária, ficará a cargo do deputado Hugo Leal (PSB-RJ).

Ataídes justificou a escolha de Marun por ele ser do maior partido da Casa. “O PMDB é o protagonista da escolha por ser o maior partido na Câmara e é o nome indicado do partido e, como é costumeiramente aqui, que a proporcionalidade fica com a presidência ou relatoria, então eles indicaram o nome de Carlos Marun”, explicou Ataídes.

Reação

A escolha de Marun como relator motivou a reação de outros parlamentares. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) pediu afastamento da comissão justificando que não quer participar do que considera como “revanchismo e troca-troca”.

Após a escolha dos membros da CPI por suas respectivas bancadas, esta é a primeira reunião de trabalhos da comissão. Durante a tarde, os parlamentares devem apreciar os primeiros requerimentos para que sejam ouvidos os irmãos Joesley e Wesley Batista, Ricardo Saud e o ex-procurador Marcelo Miller, que atuou como advogado da J&F poucas semanas após deixar o cargo de procurador no Ministério Público.

*Colaborou Paulo Victor Chagas