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Política

Haddad diz que, se fake news forem contidas, eleição “vira”

Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 25/10/2018 - 16:58
São Paulo
O candidato à Presidência da República, Fernando Haddad (PT), fala à imprensa após reunião com a chefe da missão de observação eleitoral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Laura Chinchilla, no hotel Matsubara, em São Paulo.
© Rovena Rosa/Agência Brasil

O candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, disse hoje (25) que espera que a contenção da difusão de notícias falsas o favoreça no próximo dia 28. Em encontro com a presidente da missão de observadores da Organização de Estados Americanos (OEA) para as eleições brasileiras, Laura Chinchilla, o candidato entregou material que, segundo ele, comprova a disseminação de informações falsas contra sua candidatura e o PT.

“Nós levamos ao conhecimento deles todo o material que comprova a utilização ilegal das redes sociais, em especial o WhatsApp, na campanha eleitoral no primeiro turno”, ressaltou Haddad, enfatizando que pediu o acompanhamento da movimentação nos dias que antecedem o segundo turno para impedir que informações falsas influenciem o resultado da votação.

“O que nós pedimos a eles é que para nessa reta final tentar observar com bastante atenção o que pode acontecer de hoje para domingo. Nós queremos evitar o que aconteceu no final do primeiro turno.”

Confiança

Para o candidato, sem a difusão maciça de fake news, ele tem maiores chances de reverter a vantagem do adversário Jair Bolsonaro (PSL), segundo as pesquisas de intenções de voto. “Se a gente conseguir evitar aquela avalanche de notícias falsas que circularam entre sexta e domingo do primeiro turno, eu acho que essa onda de virada que o Brasil está vivendo, que vivemos na cidade de São Paulo, pode chegar a um bom resultado eleitoral.”

Haddad classificou uma possível vitória de Bolsonaro como um “salto no abismo” e disse que a comunidade internacional percebeu a ameaça à democracia que ele representa. “O Brasil nunca abraçou os valores que o Bolsonaro representa.”

Nas redes sociais, o candidato alerta sobre eventuais ameaças em um futuro governo de seu adversário. “O mundo inteiro observa com apreensão os rumos da democracia no Brasil’, afirmou. “Temos até domingo pra fazer valer a verdade. Vamos juntos.”

Sem precedentes

A presidente da missão de observadores da Organização de Estados Americanos (OEA) para as eleições brasileiras, Laura Chinchilla, disse, após o encontro com Haddad, que o Brasil enfrenta um fenômeno “sem precedentes” em relação a difusão de notícias falsas. Segundo ela, o fato preocupa o grupo de especialistas que deu o alerta já no primeiro turno das eleições.

“Outro fator que tem nos preocupado, e isso alertamos desde o primeiro turno, e que se intensificou neste segundo, foi o uso de notícias falsas para mobilizar vontades dos cidadãos. O fenômeno que estamos vendo no Brasil talvez não tenha precedentes, fundamentalmente, porque é diferente de outras campanhas eleitorais em outros países do mundo.”

A presidente da missão afirmou que recebeu por escrito as denúncias sobre o esquema supostamente financiado por empresários para o envio em massa de notícias anti-PT utilizando o WhatsApp. Ela disse que repassou as informações para as autoridades eleitorais e policiais brasileiras.

Erros

Nas redes sociais, Haddad se comprometeu a consertar erros cometidos pelas gestões do PT, mas ressaltou que pretende ampliar os acertos. Segundo ele, o saldo entre um e outro é positivo. “Entre erros e acertos, nossos governos mudaram a vida de milhões de pessoas. Vamos corrigir os erros e ampliar os acertos.”

O candidato postou um vídeo com Ivo Herzog, filho do jornalista morto durante a ditatura Vladimir Herzog. O engenheiro relatou como o pai foi morto sob tortura, apanhando e levando choques. Porém, oficialmente o jornalista foi declarado morto em consequência de suicídio. Para Ivo Herzog, a tortura é indefensável. Ele lembrou que não há religiões que defendam este método.