Banco Central será mais cauteloso com juros depois do fim do ano

Publicado em 20/11/2019 - 18:18 Por Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Qualquer decisão sobre a taxa Selic – juros básicos da economia – depois deste ano deverá ser tomada com cautela, disse hoje (20), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Em audiência na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, ele disse que a autoridade monetária será mais prudente em 2020.

“O Copom [Comitê de Política Monetária] cortou a Selic para 5%. Deixamos indicado que entendemos que é possível fazer mais um movimento de igual magnitude e entendemos que qualquer movimento adicional tem que ser feito com cautela”, declarou Campos Neto.

Ao reduzir a Selic para 5% ao ano, no menor nível da história, o próprio Copom tinha indicado que os juros básicos sofrerão mais uma redução para 4,5% ao ano na próxima reunião do órgão, em dezembro.

Inflação

Sobre a alta do dólar nas últimas semanas, Campos Neto disse que o Banco Central não mudará a política cambial e só tomará alguma providência caso a desvalorização do real afete a inflação, refletindo-se nos preços. Ele reiterou que o principal instrumento para segurar os preços continua a ser a taxa Selic, não intervenções no câmbio.

“O importante para gente é como o câmbio alimenta o canal de inflação. Eu disse que o importante é ver se esse movimento de câmbio está fazendo que a expectativa de inflação, na frente, seja elevada, porque isso acaba contaminando a curva de expectativa da inflação e, se isso estiver acontecendo, obviamente temos que agir, e me referi aos juros e não ao câmbio", disse.

Em audiência, ontem (19), na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Campos Neto declarou que a inflação está em níveis baixos e estável no curto, médio e longo prazo.

Polarização

O presidente do BC também comentou que a polarização política e a guerra comercial entre Estados Unidos e China têm afetado investimentos em todo o planeta. Segundo ele, o Brasil, assim como outros países, tem sido vítima de uma conjuntura internacional complicada, que desacelera o comércio e o crescimento econômico globais.

“Tem um tema muito importante também, além da guerra comercial, da tensão comercial, que é o tema geopolítico que nós estamos vendo em diversas partes do mundo, a polarização política. Tudo isso tem afetado os investimentos de uma forma mais definitiva”, comentou.

Campos Neto compareceu à Comissão Mista de Orçamento para tratar dos objetivos e das metas para as políticas monetária, de crédito e cambial. Ontem (19), na audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, ele atribuiu a recente alta do dólar à frustração do leilão do excedente da cessão onerosa e anunciou um projeto para “redesenhar” a cobrança de juros no cheque especial.

Edição: Fernando Fraga

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