Marinha usa arte marcial israelense em treinamento antiterrorismo para Rio 2016

Publicado em 05/07/2016 - 19:58 Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

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Fuzileiros navais do Batalhão de Operação Especial da Marinha estão passando por treinamento da arte marcial israelense krav maga para atuar em possíveis ações de combate ao terrorismo durante os Jogos Olímpicos. O curso terá duração de 3 meses e hoje (5) foi feita uma demonstração da técnica para a imprensa.

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, negou hoje a probabilidade de um ataque terrorista durante o mega-evento, porém afirmou que o país está se preparando para qualquer situação. O capitão de mar e guerra Campos Melo, comandante do batalhão, afirma que o planejamento para a segurança da Olimpíada prevê todas as possibilidades.

“Ações especiais estão voltadas não só para a área de segurança, mas para a área de contraterrorismo, que é bastante específica. Existe todo um planejamento que é elaborado em nível de governo federal, envolvendo as esferas do Ministério da Justiça, Ministério da Defesa e Agência Brasileira de Inteligência. São levantadas hipóteses e o que está sendo feito é um planejamento há bastante tempo para que a segurança possa ser dada no mais alto nível possível para os Jogos Olímpicos 2016”.

De acordo Campos Melo, foram os próprios fuzileiros que pediram para fazer o treinamento de krav maga por ser a arte marcial que apresenta a melhor solução para as atividades de contraterrorismo, que envolvem ameaças e ações como resgate de reféns, retomada de compartimentos e controle de locais ameaçados por bombas.

“O militar de operações especiais carrega uma quantidade muito grande de munição, de proteção blindada, como colete à prova de bala, capacete, armamento, ele carrega quase 40 quilos de peso extra no seu equipamento. Com isso, ele não tem uma mobilidade que permita que aplique golpes como, por exemplo, da capoeira ou chutes altos como taekwondo. O krav maga foi a arte marcial que nos apresentou a solução de poder utilizar os equipamentos e realizar golpes que a nossa situação de combate permite, por exemplo o combate dentro de compartimentos confinados”.

O treinamento é feito em parceria com a Federação Sul Americana de Krav Maga, pelo grão-mestre Kobi Lichtenstein, israelense especialista na técnica e que vive no Brasil há 27 anos. Lichtenstein já treinou unidades de elite, como o Bope, as forças especiais do Exército e a segurança da Presidência da República. A unidade da Marinha é a única do Brasil que está fazendo o treinamento específico para a Olimpíada. Lichtenstein explica que o curso envolve uma parte teórica e prática com simulações.

“Na parte teórica, aprende sobre a história do terror, o regime do terror moderno, a forma de atuação, a forma moderna de combate ao terror ao redor do mundo. A parte prática é dividida em três: a proteção pessoal do agente, que aprende como se defender quando um agressor chegar perto armado, como ele se protege. Outra de proteção a terceiros, em casos de situações como a gente viu na França, como ele atua em tiroteio na multidão. A terceira parte é ligada a suicidas, homens-bomba. O objetivo é aproximar o agente ao máximo da realidade que ele pode encontrar”.

Ele explica que o krav maga surgiu na década de 1940, por Imi Lichtenfeld, para grupos que lutavam pela independência do estado de Israel. Atualmente, é a única técnica usada dentro dos serviços de segurança de Israel, como Forças Armandas e serviço secreto.

“É uma técnica muito simples, muito rápida, muito objetiva, que vem dar para qualquer pessoa, independente de idade, sexo, preparo físico, a capacidade de enfrentar qualquer agressor em qualquer situação, qualquer agressão. A gente não tem leis, não tem regras, não tem juízes, não tem competições”.

Edição: Carolina Pimentel

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