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Ane Marcelle dos Santos termina em nono lugar no tiro com arco individual

Nathália Mendes – Repórter do Portal EBC.
Publicado em 11/08/2016 - 14:05
Brasília
2Vento atrapalha e Ane Marcelle dos Santos termina em nono lugar no tiro com arco individual

 Ane Marcelle dos Santos no tiro com arco individualReuters/Leonhard Foeger/Direitos Reservados

Nenhum brasileiro chegou tão longe no torneio olímpico de tiro com arco quanto Ane Marcelle dos Santos. Ao se garantir nas oitavas de final e figurar entre as 16 melhores do mundo na prova individual, a carioca de 22 anos já tinha superado a marca de Renato Emílio, que terminou os Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, na 24ª posição. “Nem sei explicar o que estou sentindo. Nunca fiquei no top 16, e estou muito orgulhosa de estar aqui. Até porque eu não esperava. Tracei a meta de chegar nas oitavas, mas não imaginava que eu conseguiria. Eu pensava que era meu objetivo só para ter um objetivo”, confessa.

O sonho de entrar na briga por uma medalha que seria histórica para o esporte acabou sendo literalmente levado pelo vento. Depois de perder o primeiro set de três flechas para a britânica Naomi Folkard por 27 a 25, Ane Marcelle atirou para empatar os dois sets seguintes, em 27 a 27 e 25 a 25. Com o placar em 4 a 2 para a adversária, que está em sua quarta Olimpíada consecutiva, a arqueira precisava dos dois pontos no set final para levar o combate para a “flecha da morte” - critério de desempate em que cada uma das atletas dispara uma única vez para definir o vencedor.

Quando ela se posicionou para o primeiro disparo de sua última série, veio o imponderável. “Deu uma rajada muito forte e eu tinha que armar. Não podia esperar, porque o tempo estava passando. Armei durante essa rajada e o vento levou muito. A flecha foi parar no preto”, explica, referindo-se à zona de menor pontuação do alvo. Nos Jogos Olímpicos, a modalidade é disputada ao ar livre. Ane Marcelle, que foi favorecida pelo vento em seu primeiro combate, contra a japonesa Saori Nagamine, acabou sendo traída pelo “aliado” e amargou um 3, pontuação muito baixa para uma competição deste porte. No placar final, 6 a 2 para Folkard e o nono lugar geral para a brasileira, que até então aparecia como a 64ª no ranking mundial.

“Eu me surpreendi porque o nível olímpico é muito alto. A gente queria passar por um combate e eu fui lá e consegui passar por dois. E até teria capacidade de passar pelo terceiro combate e disputar as quartas de final, porque entrei tranquila e com vontade de ganhar. No fim, esta é a medalha que eu queria ganhar. Como não ganhei, considero este resultado como a minha medalha de ouro. Ter feito história é uma medalha para mim”, emociona-se .

Pouco se falava de Ane Marcelle até a vaga para as oitavas. As esperanças do tiro com arco estavam depositadas no prodígio Marcus Vinícius D'Almeida, sétimo colocado no Mundial de Copenhagen, em 2015, e vice-campeão na final da Copa do Mundo, em Lausanne, no ano de 2014. Mas a melhor brasileira da história confirmou sua trajetória ascendente no ano. Ela chegou ao Rio de Janeiro credenciada pelo nono lugar individual e no quarto por equipe mista na etapa colombiana da Copa do Mundo, disputada em maio. “Eu fui crescendo aos poucos. Desde a Copa do Mundo da Colômbia eu vim crescendo para mostrar o meu melhor aqui nas Olimpíadas, e não nas outras competições”.

O técnico Evandro de Azevedo enxerga “atitude de campeã” na arqueira, que se manteve confiante e concentrada mesmo diante do imprevisto. “Aquele 3 foi realmente uma tragédia. O vento aumentou exatamente na hora em que ela ia largar a flecha. Foi uma infelicidade porque não dá para prever essas coisas. Acontece e faz parte do jogo. O jogo é bom porque é assim”.

O treinador reconhece que projetava um resultado um pouco melhor, mas, no contexto dos últimos resultados, como a eliminação do novo recordista olímpico, o sul-coreano Kim Woo-jin, no primeiro combate individual, admite a façanha da pupila e prevê que bons ventos podem levá-la daqui para frente. “O importante é mais uma vez quebramos barreiras, como temos quebrado desde 2014. Ane pode chegar onde ela quiser. Só depende dela. Ela tem estrutura, técnica e talento para chegar em primeiro, se ela quiser”.

Com a eliminação de Ane Marcelle, o Brasil fica sem representantes nas provas individuais do tiro com arco. No feminino, Marina Gobbi Canetta e Sarah Nikitin, no feminino, caíram no primeiro combate. No masculino, Marcus Vinícius D'Almeida não passou do norte-americano Jake Kaminski e Daniel Rezende parou no duelo contra Lee Seung Yun. Bernardo Oliveira, eliminado no segundo combate, foi o arqueiro de melhor desempenho.