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Em seis anos, mais de 40 mil pessoas deixaram de fumar no Rio

Fumantes procuraram serviço municipal de apoio

Publicado em 29/08/2018 - 17:53 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Cerca de 40 mil pessoas deixaram de fumar no Rio de Janeiro, entre os anos de 2011 e 2017, seguindo tratamento oferecido pela Secretaria Municipal de Saúde. Isso significa que 54,7% dos cariocas que participaram de pelo menos quatro sessões do programa oferecido pelo município abandonaram o cigarro.

A SMS desenvolve programas de combate ao tabagismo em mais de 200 Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde.

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, lembrado hoje (29), equipes da secretaria realizaram palestras, em parceria com a Supervia, na Central do Brasil. Os técnicos abordaram o tema da saúde bucal e prevenção do câncer de boca, com o tabagismo entre os fatores de risco. A série de atividades incluiu também distribuição de folhetos com orientações sobre os riscos do fumo, inscrições para tratamento, além de exames de saúde bucal, instrução de higiene oral e exibição de vídeos.

O objetivo foi mobilizar a população para os danos causados pelo tabaco, estimulando que fumantes repensem o hábito de fumar e conheçam as estratégias para mudança de comportamento, valorizando os benefícios em viver livre do fumo ativo e passivo.

De acordo com a gerente da Assessoria do Tabagismo da secretaria, Ana Helena Rissin, as doenças que mais acometem e matam as populações de todo o mundo são as cardiovasculares e o câncer.

“A gente sabe que o tabagismo tem uma estreita ligação com essas doenças. São doenças da modernidade, do tipo de vida, do sedentarismo, do tipo de alimentação. E o cigarro tem uma ligação muito forte com isso. O cigarro contribui para a questão dos derrames, dos infartos e vários tipos de câncer.”

A especialista destacou que a dependência impede muitas pessoas de largarem o cigarro. “O tratamento nada mais é do que ajudar o fumante a entender o passo a passo de ir desacostumando com a nicotina”.

Segundo ela, há uma série de estratégias e técnicas para que a pessoa não se sinta mal sem o cigarro. Grande parte do tratamento envolve mudança de comportamento e hábitos e a inclusão, na rotina, de novas atividades.

Fumante de terceira mão

O otorrinolaringologista Leandros Sotiropoulos adverte que mesmo quem não fuma e não tem contato com fumantes pode sofrer os danos das mais de 4.700 substâncias nocivas presentes no cigarro, chamado de “fumo de terceira mão”. “Muita gente não sabe que os resíduos do cigarro permanecem no local, mesmo depois que o cheiro vai embora. Carpetes, cortinas, móveis e roupas, caso não sejam higienizados regularmente, podem tornar-se depósitos desses fragmentos invisíveis”.

Segundo o especialista, o fumo de terceira mão acontece porque as substâncias que compõem o cigarro ficam impregnadas no ambiente, após serem expelidas, mesmo por alguns anos.

As crianças, por terem uma respiração mais rápida, são as que mais sofrem. Animais domésticos também podem ser afetados.

Aparelho digestivo

O cigarro também está relacionado a doenças do aparelho digestivo, segundo alertam a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed) e a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). De acordo com especialistas, o tabagismo causa prejuízos desde a boca até o intestino delgado.

O diretor da Sobed, Tomazo Franzini, diz que há estudos que revelam que pessoas que fumam por muito tempo têm risco aumentado para desenvolver câncer colorretal, mesmo que controle os outros fatores associados. “Quanto mais tempo se tem o hábito de fumar, mais difícil se torna a recuperação dos danos causados”. A tendência é que pacientes que apresentam algum problema no aparelho digestivo e fumaram por longo tempo tenham uma recuperação muito tardia em relação a pessoas que não fumam.

O presidente da FBG, Flávio Quilici, ressaltou que o tabagismo ainda é associado a uma série de outras doenças do aparelho digestivo. “O tabagismo é prejudicial para todo o organismo. O uso da nicotina contribui para o surgimento de outras doenças comuns do aparelho digestivo, tais como azia e doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), úlceras pépticas e algumas doenças do fígado. Fumar aumenta o risco de doença de Crohn, pólipos do cólon e pancreatite, além de aumentar o risco de cálculos biliares”, disse o gastroenterologista.

Câncer de pulmão

De acordo com a gerente da Divisão de Pesquisa Populacional do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), Liz Almeida, um conjunto grande de doenças tem como causa o tabagismo. Uma das mais conhecidas é o câncer de pulmão, no qual 80% dos casos são ligados ao hábito de fumar.

Segundo ela, os brasileiros estão mais conscientes dos dos malefícios provocados pelo fumo. “As pesquisas mostram que a maior parte dos brasileiros [fumantes], mais do que 90%, já sabem que podem ter câncer de pulmão”. Mais de 90% dos brasileiros também estão cientes da poluição do ar provocada pelo fumo e da possibilidade de desenvolverem doenças graves. 

Ela destacou, entretanto, que o Brasil observa uma queda importante do tabagismo, em torno de 50%, no período de 1989 até 2013.

A estimativa do Inca para o Brasil é de 18.740 novos casos de câncer de pulmão entre homens e de 12.530 nas mulheres para cada ano do biênio 2018-2019. Isso corresponde a um risco estimado de 18,16 casos novos a cada 100 mil homens; e a um risco estimado de 11,81 para cada 100 mil mulheres.

Edição: Lílian Beraldo

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