Atabaques e agogôs dos afoxés contagiam foliões na orla de Copacabana

O grupo Afoxé Filhos de Gandhi é considerado de utilidade pública

Publicado em 08/02/2016 - 21:03 Por Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

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Os panos brancos, fios de contas e as estampas africanas enfeitaram na tarde desta segunda-feira (8) a orla de Copacabana, zona sul do Rio, com os afoxés Filhos de Gandhi, Raízes Africanas e Ylê Alá. Em vez de tamborins e tambores, foi a vez dos atabaques e agogôs contagiarem os foliões com ijexá, ritmo de origem africana tocado nos terreiros de candomblé.

Afoxé

No desfile do Afoxé Filhos de Gandhi, alegria e festa se mesclam com resistência da cultura afrobrasileira e luta contra o preconceitFlávia Villela/Agência Brasil

O biólogo Thiago Felipe da Silva Laurindo, 34 anos, que integra o Afoxé Filhos de Gandhi há quatro anos, informou que, desde a criação do grupo, alegria e festa se mesclam com resistência da cultura afrobrasileira e luta contra o preconceito.

“São 64 anos de existência e resistência. Somos a primeira instituição afro no estado. Somos pioneiros. Desde o início, a ideia era divulgar nossa cultura para mantê-la viva. Se hoje temos o carnaval, é graças a essa resistência das práticas culturais de matriz africana”, afirmou Thiago.

“Ainda temos muito em voga o racismo, a homofobia e a intolerância religiosa. Então, estarmos em um espaço como este hoje, a famosa Praia de Copacabana, nesse movimento de troca, para nós é muito significativo”, completou o biólogo.

Fundado em 1951 por trabalhadores do Cais do Porto e moradores dos bairros da Saúde e Gamboa, o grupo Afoxé Filhos de Gandhi é considerado de utilidade pública desde 1968.

Grupo de afoxé

O afoxé divulga e fortalece a cultura dos povos tradicionaisFlávia Villela/Agência Brasil

Uma das fundadoras do Afoxé Raízes Africanas, criado há 13 anos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, Isabel Oya também ressaltou a missão dos afoxés na divulgação das religiões de matriz africana e da cultura afro-brasileira.

“Não somos apenas show. Somos um ponto de cultura. Participamos de conferências, fazemos partes de conselhos, como o da igualdade e do idoso e damos oficinas de comidas africanas”, disse Isabel.

“O afoxé nasceu para divulgar e fortalecer a cultura dos povos tradicionais”, acrescentou.

Além dos grupos de matriz africana, dezenas de blocos agitaram as ruas do Rio com estilos e gostos variados. Pela manhã, os beatlemaníacos e amantes do rock com samba no pé foram ao bloco do Sargento Pimenta, no Flamengo, zona sul do Rio.

As crianças também tiveram vez nesta segunda-feira de carnaval no bloco Largo do Machadinho, mas não Largo do Suquinho, no Largo do Machado, zona sul. Na Tijuca, zona norte, o bloco Quero Exibir Meu Longa reuniu cinéfilos e simpatizantes.

Edição: Armando Cardoso

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