Mulheres de oposicionistas presos na Venezuela criticam Maduro no Senado

Publicado em 07/05/2015 - 14:26 Por Ana Cristina Campos - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O governo da Venezuela foi denunciado hoje (7) por violação de direitos humanos por mulheres de políticos oposicionistas presos, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, que discutiu a situação política naquele país. Segundo Lilian Tintori, uma das mulheres presentes na audiência, há 89 políticos presos pelo regime chefiado pelo presidente Nicolás Maduro.

“Estamos à beira de uma crise humanitária. Meu esposo está preso injustamente há um ano e três meses por denunciar o regime de Maduro que tem todas as características de uma ditadura. Hoje, há 89 presos políticos na Venezuela. São inocentes. Pedimos ajuda ao Brasil para levantar a bandeira da democracia”, apelou Lilian, mulher do líder oposicionista Leopoldo López.

Líder do partido Vontade Popular, López está preso desde fevereiro do ano passado, sob a acusação de ter incitado violência em manifestações contra o regime venezuelano. “Não há justiça nem liberdade de expressão na Venezuela. Quem protesta, vai preso. Quem escreve contra Maduro, está preso. O país está destroçado, com desabastecimento de alimentos e remédios”, disse Lilian aos senadores.

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado ouviu também o depoimento de Mitzy Capriles, mulher de Antonio Ledezma, prefeito de Caracas, que foi preso em fevereiro deste ano, acusado de conspirar contra o governo de Maduro, e o de Rosa Orozco, que teve a filha de 23 anos assassinada com um tiro no rosto ao participar de uma manifestação contra o governo em fevereiro do ano passado.

“Estudantes foram assassinados com tiros na cabeça por participarem de manifestação e por serem contrários ao governo. Matam a quem tem opinião diferente. Não vivemos em uma democracia. Não quero que outras mães passem por isso e que matem mais jovens. Temos medo que nossos filhos sejam mortos”, disse Rosa.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que o Brasil tem sido omisso com relação à situação política na Venezuela. “O Brasil deveria estar exercendo uma liderança natural nas questões da nossa região no que diz respeito à democracia e aos direitos humanos. A escalada autoritária na Venezuela é de conhecimento de todos”, disse o senador.

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) também acredita que o Brasil tem que ser mais atuante com relação à crise venezuelana. Ele lembrou que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esteve na Comissão de Relações Exteriores do Senado no dia 24 de março para falar sobre sua ida ao país vizinho com a comissão da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que faz intermediação para que o governo e a oposição venezuelanos mantenham diálogo.

“O ministro Mauro Vieira disse acreditar que a comissão [da Unasul] tenha contribuído para diminuir as tensões da sociedade venezuelana. É uma afirmação que foi recebida com cautela por essa comissão [CRE]. É uma sucessão de reuniões em que não se veem resultados concretos”, disse Nunes.

Segundo o senador Lindberg Farias (PT-RJ), o Brasil está tomando posição sobre a crise na Venezuela em conjunto com todos os países da América do Sul. “O centro de toda essa discussão é forçar a negociação entre situação e oposição na Venezuela. Há posições extremadas dos dois lados. O governo brasileiro tem um papel de conciliação”, disse Farias.

O petista informou que hoje à tarde o diretor do Departamento da América do Sul II do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Clemente Baena Soares, vai receber a delegação venezuelana no Itamaraty.

Após a audiência pública, a delegação venezuelana foi recebida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Fizemos um apelo para que o governo [brasileiro] tivesse um olhar diferente com o que acontece naquele país amigo. Quando falamos de governo, estamos incluindo o Legislativo, que está fazendo sua parte. Quem precisa mudar a rota e fazer a sua parte também é o Poder Executivo. Eu espero sinceramente, em nome do Congresso Nacional, que isso aconteça”, disse Renan.

Edição: Jorge Wamburg

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