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Educação

Estudantes se programam para chegar no horário no primeiro dia do Enem

Heloísa Cristaldo e Vladimir Platonow - Repórteres da Agência Brasil
Publicado em 03/11/2019 - 13:22
Brasília e Rio de Janeiro
Candidatos fazem provas do Enem neste domingo na União Pioneira de Integração Social  na Asa Sul
© Marcello Casal JrAgência Brasil

No primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os mais de 5 milhões de inscritos se programaram para não perder a hora. De acordo com a programação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os portões dos 10.133 locais de prova abriram às 12h e fecharam às 13h, no horário de Brasília. Um problema no sistema de operadoras de telefonia celular, acabou adiantando o horário de aparelhos de diversas marcas, o que fez com que muitos inscritos chegassem mais cedo.

Em Brasília, a estudante de ensino médio Maria Clara Caldeira, de 18 anos chegou cedo ao local de prova - a mesma escola em que cursa o 3° ano do ensino médio, no Distrito Federal. Para se preparar para a prova, Maria Clara estudava cinco horas diárias por uma vaga no curso de psicologia em universidade privada na capital federal.

"Não vou tentar universidade pública porque preciso conciliar trabalho e estudo. A faculdade particular tem a grade flexível, facilita que eu consiga unir trabalho e o curso", contou ela, antes de entrar para fazer a prova.

Candidatos fazem provas do Enem neste domingo no Centro de Ensino Médio Elefante Branco
Candidatos fazem provas do Enem neste domingo no Centro de Ensino Médio Elefante Branco, em Brasília - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Entre as competências avaliadas neste domingo, Maria Clara considera a redação a parte mais delicada. "Me preparei muito para essa prova e meu palpite é que o tema seja sobre evasão escolar ou a tragédia em Suzano", conta.

Já a técnica em análises clínicas Rosimeire Silva, de 43 anos, quer retomar os estudos em sua área de atuação. A profissional já foi aprovada em quatro exames em universidades federais, mas precisou abandonar os cursos por motivos familiares.

"Eu busco uma nova chance. Não estudei muito, porque afinal de contas, não há nada de conteúdo diferente das outras provas. Mas a minha expectativa é muito grande, principalmente com a redação", afirma.

Neste ano, há uma novidade, o celular ou outro equipamento eletrônico que tocar ou emitir algum som durante a prova, mesmo estando dentro dentro do envelope lacrado, levará à eliminação do candidato. A recomendação é que as baterias dos celulares sejam retiradas, pois alguns aparelhos tocam o alarme mesmo estando desligados.

Já dentro da sala, cada participante receberá a prova e deverá conferir os dados no cartão de resposta e na folha da redação. A dica é destacar, com muito cuidado, o cartão-resposta e a folha de rascunho do caderno de questões. Eles não poderão ser substituídos se forem danificados.

Rio de Janeiro

No Rio, muita gente madrugou para não perder o horário de abertura dos portões. A atendente de farmácia Jéssica Dias foi a primeira a chegar a seu local de prova, uma escola na Tijuca, e aguardava sentada em frente ao portão. O relógio do celular de Jéssica, assim como o de milhares de pessoas no país, adiantou uma hora, e ela se apressou. "Antes chegar cedo do que tarde. Vim de Uber. É a terceira vez que faço o Enem. Quero fazer faculdade de turismo ou psicologia."

Alguns candidatos vieram acompanhados dos pais, e muitos pareciam mais nervosos do que os filhos.

 Candidatos chegam para o  primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na Tijuca, zona norte do Rio.
Candidatos chegam para o primeiro dia de provas do Enem em um colégio na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Foi o caso de Ana Paula Ribeiro, mãe de Taís Raquel, que quer cursar medicina ou psicologia. "Estou mais nervosa do que ela. Porque é a primeira vez dela, e eu espero que vá bem. Ela estudou muito para este objetivo. Ficava até tarde acordada, e eu, junto dela."

Outros candidatos, ao contrário, demonstravam muita tranquilidade, como Renato Duarte, que vestia uma camisa do Flamengo e tomou uma cerveja antes de o portão abrir.

Renato, que é músico, disse que é mais fácil o Flamengo ser campeão do que ele passar no Enem. "Eu não vejo muito futuro, não. Mas o Mengão ser campeão é lógica. Enem é muita gente concorrendo. Vou fazer a minha prova do jeito que eu sei fazer. E é isso aí."

 Candidatos chegam para o  primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na Tijuca, zona norte do Rio.
Portões de escola na Tijuca fecharam pontualmente às 13h  Tania Rêgo/Agência Brasil

No fechamento dos portões, alguns poucos tiveram que correr para não perder a prova. Do lado de fora, diversas pessoas formaram um corredor e gritaram palavras de incentivo. Um grupo de veteranos do Enem veio especialmente com cartazes de motivação, para incentivar os candidatos.

"Viemos dar apoio aos jovens que vão fazer as provas. Já fiz o Enem e hoje sou formando em engenharia mecânica. Eles já entram confiantes, é um incentivo a mais", explicou Diego Antunes, ao lado da amiga Camila Pavão, que carregava um cartaz com a palavra oração. "Ajudar traz calma, paz e tranquilidade ao coração", disse ela, que fez o Enem há cinco anos e hoje é formada em direito.

São Paulo

Na capital paulista, o clima era de ansiedade tanto entre estudantes veteranos, quanto entre aqueles que encaram a prova pela primeira vez.

Vitória Santos é treineira e cursa o primeiro ano do ensino médio. O sonho da adolescente é cursar arquitetura em uma universidade pública. “A prova é muito cansativa. Eu preciso estar habituada com sentar, ler, sem me cansar muito para que, quando eu estiver fazendo isso no terceiro ano, eu me saia bem”, disse a garota.

Candidatos chegam para o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio na Universidade Nove de Julho, na Barra Funda, zona oeste.
Candidatos chegam para o primeiro dia de provas do Enem na Universidade Nove de Julho, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo - Rovena Rosa/Agência Brasil

Yasmim Garcia faz o Enem pelo terceiro ano consecutivo. “Este ano, eu resolvi pegar mais pesado, estudei umas 12 horas por dia. Nos outros anos não consegui uma nota boa, porque eu quero medicina”, contou.

O transporte público para chegar ao local de prova foi a opção de grande parte dos estudantes. Para atender a esse público, a Companha Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) operou com intervalos reduzidos em seis linhas.

Guilherme Bittencourt, que quer iniciar a vida universitária em um curso de ciência da computação, foi um deles. Não correu o risco de perder a prova para a qual se preparou durante o ano todo: “eu vim de ônibus, não moro muito longe daqui. Cheguei às 11h”, disse ele.

*Matéria ampliada às 14h53 e às 18h24