PF ouve suspeitos de envolvimento em esquema de sonegação fiscal
A Polícia Federal (PF) deteve hoje (20) 13 suspeitos de envolvimento com um esquema de sonegação fiscal e de lavagem de dinheiro que operava em Teresina. Conduzidas com base em mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para delegacia apenas para prestar depoimento e solta em seguida) expedidos pela Justiça Federal, os depoentes estão sendo liberados após prestarem esclarecimentos.
Entre os suspeitos a serem ouvidos está o empresário Paulo Guimarães, sócio majoritário do grupo empresarial Meio Norte, que atua na áreas de comunicação, concessionária de veículos, empreendimentos imobiliários, educação e saúde no Piauí e no Maranhão. Localizados em São Paulo, Guimarães e outra pessoa, cuja identidade não foi revelada, foram conduzidos à Superintendência da PF em São Paulo.
O Grupo Meio Norte é investigado por sonegar contribuições previdenciárias e tributos utilizando “laranjas” e empresas offshore com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal. A PF estima que cerca de R$ 896 milhões foram desviados nos últimos anos. As irregularidades vêm sendo investigadas desde 2006.
Como a investigação corre em segredo de Justiça, nomes, detalhes das buscas e dos depoimentos colhidos não foram divulgados. Em Teresina, o procurador da República Marco Túlio Caminha disse que aguardará o resultado das investigações para avaliar as medidas legais que deverão ser adotadas. Caminha esteve na sede da Superintendência da PF em Teresina e obteve informações preliminares sobre os depoimentos.
Procurado pela Agência Brasil, o Grupo Meio Norte informou, por meio de uma telefonista, que vai se pronunciar no momento oportuno. A reportagem não conseguiu contato com nenhum representante legal do grupo empresarial.
De acordo com a PF, a composição do quadro de sócios de empresas do grupo, que tinha dívidas com a Receita Federal, era frequentemente modificada e os ativos dessas mesmas empresas transferidos para falsos sócios ou empresas offshore. Feito isso, os investigados inscreviam as empresas “desmontadas” às quais continuavam atribuindo as dívidas tributárias em programas de recuperação fiscal – com o que conseguiam evitar a cobrança dos débitos. Como garantia do pagamento futuro de tais dívidas, as empresas ofereciam bens de baixo custo, como cadeiras e aparelhos de ar-condicionado e, assim, conseguiam negociar o pagamento de parcelas mensais ínfimas se comparadas à dívida real.