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Apesar de polêmicas, prefeito Eduardo Paes inaugura campo de golfe

Isabela Vireira - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 22/11/2015 - 18:55
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro - O prefeito Eduardo Paes entrega ao Comitê Rio 2016 o Campo Olímpico de Golfe, com 970 mil m2, construído na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
© Tânia Rêgo/Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro do Esporte, George Hilton, o prefeito Eduardo Paes e o presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, participam da entrega o Campo Olímpico de Golfe (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Rio de Janeiro - O ministro do Esporte, George Hilton, o prefeito Eduardo Paes e o presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, participam da inauguração do Campo Olímpico de GolfeTânia Rêgo/Agência Brasil

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, reconheceu hoje (22) que o golfe não é um esporte popular no Brasil. Ele disse que a construção de um campo para as competições olímpicas desta modalidade atende apenas uma obrigação com as Olimpíadas na cidade em 2016. A declaração foi dada durante a inauguração do campo destinado aos jogos do Rio.

“No Brasil, não acredito que há muito legado para um campo de golfe, sempre disse isso. O Brasil não é famoso em fazer campos de golfe e esse não é um esporte popular. Mas há coisas que você tem que fazer quando você organiza as Olimpíadas”, disse à imprensa internacional. O golfe volta aos jogos após 112 anos, período no qual não houve competições olímpicas.

Com 970 mil metros quadrados, 18 buracos, dois lagos artificiais e capacidade para 15 mil espectadores, o campo foi erguido em uma área de Preservação Ambiental (APA), na Barra da Tijuca, sob protestos de ambientalistas e denúncias de favorecimento a empresários. Duas investigações foram abertas pelo Ministério Público Estadual (MP-RJ).

De acordo com os movimentos Golfe Para Quem? e Ocupa Golfe, que chegaram a acampar em frente ao empreendimento, houve irregularidade na concessão de licenças ambientais, no Parque Natural de Marapendi, uma das situações investigadas pelo MP-RJ. A outra analisa denúncia de improbidade administrativa da prefeitura na negociação que viabilizou a construção, no valor de R$ 60 milhões. A obra foi feita em troca da autorização para aumento do potencial de construção do terreno vizinho um condomínio de luxo com prédios de até 22 andares.

Os ativistas dos movimentos dizem que houve perdas aos cofres públicos com a transação e alegam que o terreno, cuja cessão para a prefeitura é 20 anos, estava orçado em R$ 300 milhões. Segundo o advogado Jean Carlos Novaes, integrante dos grupos, houve também perdas de R$ 100 milhões com a isenção do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e mais R$ 100 milhões com a cessão do terreno, por 20 anos. A prefeitura nega as alegações de isenção fiscal.

O prefeito Eduardo Paes explica que a prefeitura não autorizou ampliação do condomínio, mas o aumento da altura de prédios. Com a medida, conseguiu transferir os custos da construção para a iniciativa privada. “Claro que não perdeu [dinheiro], ganhamos”, afirmou, sobre a transação com o empresário Pasquale Mauro, conhecido por dominar o mercado imobiliário na região.

Meio Ambiente

Apesar de ser parte de uma APA, segundo a prefeitura, a área estava degradada, e  era usada para extração de areia. Com a instalação do campo, a previsão é recuperar a restinga, com o plantio de mudas nativas, e construir o Parque Nelson Mandela.

Para o biólogo e ativista do Golfe pra quem?  Marcelo Mello, o fato de a área estar abandonada, não justificava mais destruição. “A legislação determina que todas áreas públicas degradadas, sejam recuperadas. Não é porque está degradado que pode destruir de vez, colocar grama ou prédio”, criticou. Segundo ele, 50% da área do campo de golfe estava preservada.

Uso público

O projeto de campo de golfe, elaborado pelo escritório americano Hanse Golf Course, será administrado agora pela Confederação Brasileira de Golfe, por meio de um convênio de cessão. A obrigação deles, segundo Eduardo Paes, é desenvolver o esporte. “É um campo público, que cobrará entrada para quem pode pagar, e permitir que o esporte se desenvolva.”

Nesse período, o objetivo da federação do esporte, que vai ter a volta da modalidade às Olimpíadas de 2016, é estimular o turismo vinculado à competição e a prática em si, inclusive entre crianças carentes, destacou o ministro do Esporte George Hilton, que esteve na inauguração.

*Colaborou Nanna Pôssa, repórter do Radiojornalismo



Inauguração do Campo de Golfe Olímpico, na Barra da Tijuca