Com ex-ministro e deputados, ato em Brasília se concentra na Esplanada
A manifestação em Brasília contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff está concentrada em frente ao Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios. Políticos como o ex-ministro Gilberto Carvalho e deputados do PT e da base aliada fazem discursos e dividem o carro de som com artistas locais, que apresentam músicas intercaladas com palavras de ordem.
A previsão era que os manifestantes seguissem em marcha até o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, mas o grupo decidiu permanecer em frente ao museu. De acordo com o tenente-coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Antônio Carlos, 3 mil pessoas participavam da mobilização por volta das 19h.
A polícia faz revista nos manifestantes que chegam ao local, mas o procedimento ocorre sem confusões. Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) que chegaram há pouco entregaram, sem resistência, ferramentas como três foices, dois machados e 20 facões, além de canivetes, que serão devolvidas após o ato.
Ato contra o impeachment
O ato é organizado pela Frente Brasil Popular e os manifestantes levam cartazes com frases de apoio à Dilma e ao ex-presidente – e agora ministro da Casa Civil – Luiz Inácio Lula da Silva e contra o que chamam de golpe.
Rodrigo Rodrigues, secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF) defende um trabalho mais abrangente do Congresso e que as discussões sobre o impeachment fiquem em segundo plano. "Esse é um ato em defesa da democracia, contra o golpismo e o fascismo que está explodindo no país. Estamos defendendo a mudança de discurso no Congresso, que pare de discutir só o golpe e que encaminhe avanços nos direitos da classe trabalhadora", disse.
O servidor público Pedro Rodrigues, 50, acha que Lula está sofrendo uma “injustiça”. “O que me trouxe aqui foi ver a injustiça que está sendo feita com o companheiro Lula. Não estão dando direito de defesa para ele”.
O ato de hoje ocorre após a nomeação de Lula à Casa Civil, que gerou uma onda de protestos por todo o país. No mesmo dia, o juiz Federal Sérgio Moro divulgou uma série de conversas telefônicas, grampeadas pela Polícia Federal, que revelam conversas de Lula com a presidenta, ministros e correligionários.
Os episódios, no entanto, não diminuíram a fé dos manifestantes pró-governo em Lula. Pedro de Alcântara, servidor público, 69, disse que veio para a rua defender a democracia e questiona a integridade política da oposição no Congresso. "Acho que temos que defender a democracia e contra o impeachment, que não vai resolver. Quem está errado tem que pagar, mas do lado de lá, sabemos o que eles fazem", disse.
Para Alcântara, se houver provas de que Lula cometeu algum crime, que a justiça seja feita. "Sobre o Lula eu tenho dúvidas [se ele é culpado de algum crime], se ele tiver culpa, que se apure, que venha à tona".
A organização da manifestação ainda não definiu se haverá caminhada. Essa decisão deverá ser tomada a qualquer momento.