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Morador de área rica de SP vive 23,7 anos a mais que o de periferia, diz estudo

Um morador do Jardim Paulista, na região nobre, vive, em média, 79,4
Ludmilla Souza - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 24/10/2017 - 15:30
São Paulo
São Paulo - Processo de urbanização canalizou os rios que faziam parte do Vale do Anhangabaú, na região central (Rovena Rosa/Agência Brasil)
© Rovena Rosa/Agência Brasil

São Paulo - Processo de urbanização canalizou os rios que faziam parte do Vale do Anhangabaú, na região central (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Mapa da Desigualdade  mede diferenças na maior e mais rica cidade do país Rovena Rosa/Arquivo/Agência Brasil

Um morador do Jardim Paulista, na região nobre da capital paulista, vive, em média, 79,4 anos; cerca de 23,7 a mais que um habitante do Jardim Ângela, na periferia, onde as pessoas morrem, em média, com 55,7 anos. O dado está no Mapa da Desigualdade da Cidade, divulgado hoje (24) pela Rede Nossa São Paulo com o apoio da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).

O levantamento mede as diferenças econômicas, sociais, culturais e de equipamentos públicos existentes entre os 96 distritos da maior e mais rica cidade do país. No caso da idade média ao morrer, o “desigualtômetro” entre o pior e o melhor indicador é de 1,43, ou seja, mostra que um residente do Jardim Paulista vive, em média, 43% a mais que um morador do Jardim Ângela.

A pesquisa também revela que o índice de homicídios é de 1,23 por 100 mil habitantes no caso da Mooca, tradicional distrito de classe média e classe média alta da zona leste da capital paulista. No entanto, nas proximidades do bairro, no distrito do Brás, o índice chega a 38,76. A diferença entre o melhor e o pior indicador é de 31,49.

Favelas e árvores

Outro dado que escancara a desigualdade na metrópole é o índice de favelas, que considera a porcentagem de domicílios em favelas sobre o total de domicílios da região. Enquanto na Vila Andrade (onde está localizada a favela de Paraisópolis) o índice de favelas é de 50,45, em Pinheiros (região nobre da zona oeste) esse índice é de 0,081. A diferença entre o pior e o melhor é de 621,01, o que mostra que na Vila Andrade há 50 vezes mais favelas do que Pinheiros.

A diferença de arborização na cidade também chama atenção no levantamento. Enquanto a região de Santo Amaro tem 16.192 árvores, na região da Sé há 518, uma diferença que deixa o índice do “desigualtômetro” em 31,26. O índice considerou o número de árvores no sistema viário por distrito.

Outro indicador, o de gravidez na adolescência, que considera o número de nascidos vivos de mães com menos de 19 anos, é de 0,887 em Moema (na região nobre da cidade); e, na outra ponta, chega a 22,88 no distrito de Marsilac, no extremo sul da cidade. A diferença entre o melhor e o pior indicador é de 25,79, ou seja, o percentual de adolescentes grávidas é quase 26 vezes maior na região de Marsilac em comparação com Moema.

De acordo com a Rede Nossa Paulo, os números do levantamento mostram que as diversas desigualdades são cumulativas. O distrito com o pior índice de gravidez na adolescência (Marsilac), por exemplo, é também o de menor remuneração média por emprego formal.