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Em relatório, polícia diz que operação na Maré teve êxito

Na ação, o estudante Marcos Vinicius morreu a caminho da escola
Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 09/07/2018 - 21:33
Rio de Janeiro

A Polícia Civil considerou de “grande êxito” a operação deflagrada no Complexo da Maré, no último dia 20 de junho, que resultou na morte de sete pessoas, incluindo seis suspeitos de tráfico e o estudante Marcos Vinícius da Silva. A avaliação faz parte do relatório policial sobre a operação, entregue ao Ministério Público (MP) e à Justiça. No mesmo documento, o nome do adolescente não é citado, apenas referido como “uma pessoa baleada e socorrida ao hospital”.

A Defensoria Pública do Estado, que chegou a entrar com medida judicial pedindo a interrupção do uso de helicópteros em operações desse tipo, pelo risco dos tiros vindos da aeronave atingirem a população, criticou os termos do relatório.

Velório do adolescente Marcus Vinicius da Silva, baleado durante operação da Polícia Civil no Complexo da Maré.
Velório do adolescente Marcos Vinicius da Silva, baleado durante operação da Polícia Civil no Complexo da Maré. - Fernando Frazão/Agência Brasil

“Não pode ser considerada exitosa uma operação que teve sete mortes, inclusive a de uma criança uniformizada a caminho da escola. Além dos danos à comunidade, como os voos rasantes do helicóptero dando disparos, colocando em risco a integridade dos moradores. A gente considera que essa operação foi desastrosa”, disse o defensor Daniel Lozoya, do núcleo de defesa dos direitos humanos da defensoria.

A Polícia Civil não comentou o relatório, informou apenas que ele era sigiloso.  A Delegacia de Homicídios abriu inquérito para investigar as circunstâncias da morte do adolescente Marcus Vinicius.

A operação foi deflagrada na manhã do dia 20 e buscava cumprir 23 mandados de prisão e prender os suspeitos de terem participado da morte do chefe de operações da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). O estudante estava a caminho da escola quando começou o tiroteio. Ele percebeu que não conseguiria cruzar a comunidade em meio aos tiros e chegar até o Centro Integrado de Educação Pública Operário Vicente Mariano, onde estudava. Ele decidiu voltar para casa, mas foi atingido nesse percurso. Marcos chegou a ser levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.