Número dois da guarda presidencial assume chefia do Estado em Burkina Faso
O número dois da guarda presidencial de Burkina Faso, Isaac Zida, anunciou hoje (1º) que assumiu as responsabilidades de chefe de Estado de transição. O anúncio foi feito após o chefe de Estado, Blaise Compaoré, ter confirmado sua demissão, para permitir a realização de eleições em 90 dias.
Isaac Zida assume os destinos do país para “assegurar a continuidade do Estado”, numa “transição pacífica e democrática”. Em discurso transmitido pela televisão, Zida classificou de “caducas” as declarações do chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, que tinha revelado ontem (31) ter assumido interinamente a presidência.
Esta semana, Burkina Faso viveu grave crise sociopolítica, depois que Compaoré decidiu promover uma alteração constitucional, permitindo-lhe continuar na chefia do Estado, função que assumiu em 1987, na sequência de um golpe em que morreu o presidente Thomas Sankara. Compaoré justificou sua demissão com “a degradada situação sociopolítica e a ameaça de divisão dentro do Exército”, depois das grandes manifestações de cidadãos e da oposição exigindo sua saída.
As manifestações cresceram e intensificaram-se em todo o país na quinta-feira (27). Na capital, centenas de pessoas assaltaram e incendiaram o Parlamento, em protesto contra a votação da alteração constitucional permitindo o prolongamento do mandato de Compaoré.
Desde a independência da França, em 1960, até a posse de Compaoré, a história do Burkina Faso, antes conhecido como Alto Volta, caracterizou-se por uma sucessão de golpes de Estado.