Primeiro-ministro defende operações no exterior para resgatar japoneses
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, manifestou-se hoje (2) favorável à realização de operações militares no exterior para resgatar cidadãos japoneses, um dia depois de o Estado Islâmico ter anunciado a execução do jornalista Kenji Goto.
As declarações de Shinzo Abe inserem-se no âmbito da reinterpretação da Constituição pacifista japonesa impulsionada pelo seu governo. Essa reinterpretação visa a um papel mais ativo para o Exército japonês.
Shinzo Abe disse, no Parlamento japonês, que “não se deveriam aplicar considerações geográficas” no exercício da chamada autodefesa coletiva, que consiste em apoiar as tropas aliadas no caso de serem atacadas. Essa é a principal alteração pretendida pelo atual Executivo.
O primeiro-ministro referiu-se assim a uma das medidas mais controversas adotadas pelo governo em 2014 – a reinterpretação da Constituição pacifista do Japão – e que deverá ser aprovada pelo Parlamento este ano.
A autodefesa coletiva estava limitada até agora pelo Artigo 9, que impede ao país o uso da força para resolver conflitos internacionais.
A alteração tem sido criticada pelos que consideram que abre a porta a uma nova militarização do país, apoiada pelos defensores de um papel mais preponderante do Japão em nível internacional e para enfrentar o poderio da China.
A crise dos reféns reabriu o debate sobre a necessidade de o Japão se envolver em operações militares internacionais e sobre o direito de as Forças Armadas japonesas poderem intervir em outros países para resgatar cidadãos japoneses.