Eurogrupo se recusa a estender programa de resgate da dívida à Grécia
O Eurogrupo recusou-se hoje (27) a estender o programa de resgate grego, que termina na próxima terça-feira (30), prolongando o impasse nas negociações entre a Grécia e os credores, que se arrastam desde fevereiro, quando o programa de resgate ganhou prazo até junho. A situação agora se agrava pelo anúncio de um referendo pelo governo grego.
O Eurogrupo foi surpreendido na sexta-feira (26) à noite com o anúncio, pelo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, da realização de um referendo em 5 de julho para que o povo grego decida se aceita o acordo proposto pelos credores – Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE).
Além de terminar o programa de resgate, na próxima terça-feira, expira o prazo para a Grécia pagar a parcela de quase 1,6 bilhão de euros ao FMI.
As metas fiscais, o imposto sobre o consumo, as pensões e a dívida são os principais pontos que opõem a Grécia aos credores internacionais – uma divergência que representa cerca de 910 milhões de euros.
A Grécia pediu o primeiro resgate em 2010, tendo desde então sofrido uma quebra significativa da economia e das condições sociais. Este ano, voltou à recessão e verificou-se também uma quebra significativa nas receitas do Estado. No país, é ainda preocupante a situação do setor bancário, com a crescente fuga de depósitos.
Mas não é só a Grécia que está em perigo. Um default (calote) grego poderá criar ondas de choque por toda a zona do euro e, apesar de os líderes da região dizerem que o contágio seria limitado, ninguém pode prever exatamente o impacto.
Se não respeitar o prazo do FMI, a primeira sanção será imediata. O país deixa de ter acesso a recursos do fundo. Segundo números oficiais, a Grécia deve transferir este ano mais de 5,4 bilhões de euros para o FMI em reembolso da dívida.
No início do mês, Atenas recorreu a uma cláusula pouco que permite agrupar vários pagamentos numa única prestação, adiando o pagamento para dia 30 de junho (terça-feira). Se não cumprir esse prazo, cerca de metade dos 7,2 bilhões de euros que ainda têm a receber dos credores será imediatamente congelada.