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Internacional

China e União Europeia respaldam o Acordo de Paris após retirada dos EUA

Da Télam
Publicado em 02/06/2017 - 11:03
Bruxelas

A China e a União Europeia (UE) reafirmaram hoje (2) seu compromisso com o Acordo de Paris sobre mudança climática, em meio a um clima de alarme e críticas internacionais contra Donald Trump, por ter retirado os Estados Unidos (EUA) do acordo histórico para combater o aquecimento global.

A expectativa é de que a decisão de Trump domine as conversas entre o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, com os presidentes do Conselho Europeu, Donald Dusk, e da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, e grande delegação de ministros chineses. A informação é da agência Télam.

Em discurso para empresários europeus junto ao chefe de Estado chinês, Juncker afirmou que as relações entre a UE e a China estão apoiados em “um sistema internacional baseado em regras”.

Os líderes de Bruxelas e Pequim acreditam na “implementação plena, sem nuances, do Acordo de Paris sobre o clima”, disse o presidente da CE. Juncker destacou ainda que não pode haver “recaída nos maus hábitos”. “Não há volta atrás na transição energética, não há volta atrás no Acordo de Paris”, declarou, segundo a Agência EFE.

Em Berlim, a chanceler alemã, Angela Merkel, reforçou que a retirada dos Estados Unidos do pacto histórico assinado em 2015 não impedirá que o resto do mundo continue empenhado em conter as emissões de gases de efeito estufa que explicam o aquecimento da atmosfera e da superfície terrestre. “Nada pode nos deter, nem nos deterá”, disse aos jornalistas.

Na reunião, a China e a UE, dois dos maiores poluidores do planeta, preveem reafirmar sua postura em relação à mudança climática.

Segundo um rascunho em preparação para apresentar no final do encontro, os países manifestarão sua determinação “em seguir em frente com políticas e medidas adicionais para uma implementação efetiva das contribuições nacionais específicas”.

Países da zona do euro

A chanceler da Alemanha, país-sede da cúpula mundial sobre o clima deste ano, disse que a decisão de Trump foi “extremamente lamentável, e me expresso de modo contido”.

“Agora é necessário seguir adiante após o anúncio da gestão norte-americana”, afirmou, e ao mesmo tempo garantiu que seu país, a maior economia da Europa, vai continuar cumprindo com suas obrigações relacionadas ao Acordo de Paris.

A Alemanha, a França e a Itália, as três maiores economias da zona do euro, disseram ontem em um comunicado conjunto que lamentavam a decisão de Trump de se retirar do acordo, ao mesmo tempo em que ratificaram seu “compromisso mais forte” em adotar medidas próprias contra o aquecimento global.

Apesar de Trump se dizer disposto a voltar ao acordo se puder renegociar para que seja mais favorável economicamente aos EUA, os líderes dos três países europeus disseram que o pacto não pode ser negociado, “pois é um instrumento vital para nosso planeta, nossas sociedades e economias”.

Reino Unido e Austrália

O Reino Unido e a Austrália, dois grandes aliados dos Estados Unidos, também manifestaram seu desconforto. A primeira-minista britânica, Theresa May, ligou ontem à noite para Trump e “expressou sua decepção pela decisão e pontuou que o Reino Unido permanece comprometido com o Acordo de Paris”, informou em nota o gabinete da primeira-ministra.

O ministro do Meio Ambiente australiano, Josh Frydenberg, reiterou o compromisso do país com o Acordo de Paris, declarando que o pacto assinado por mais de 190 nações continua tendo muita relevância. No entanto, afirmou que “teria sido preferível que os Estados Unidos permanecessem no acordo”, informou o canal ABC.

Outros líderes mundiais

O ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o sul-coreano Ban Ki-moon, também afirmou hoje que está profundamente “decepcionado e preocupado” com a decisão de Trump, em comunicado publicado em Seul.

Muitas nações da América Latina, entre elas Argentina, Brasil, México, Peru e Venezuela, também lamentaram a decisão de Trump, assim como Japão, Coreia do Norte e países do Pacífico.

Com a retirada dos Estados Unidos, o segundo país mais poluente do planeta (perdendo apenas para a China) está fora do acordo. Os únicos outros países que rejeitaram o tratado foram a Síria, que está em meio a uma guerra, e a Nicarágua, que o considerou insuficiente para combater a mudança climática.