Pyongyang nega acesso de jornalistas a fechamento de base nuclear
As autoridades da Coreia do Norte não permitirão que jornalistas sul-coreanos assistam ao desmantelamento de sua base nuclear como estava previsto, em um novo gesto de ofensa contra Seul, a capital sul-coreana. Apesar de o regime ter convidado oficialmente os veículos de imprensa da Coreia do Sul, junto com a Rússia, os Estados Unidos (EUA), o Reino Unido e a China, a lista dos jornalistas sul-coreanos foi rejeitada na manhã de hoje (22), segundo informou o Ministério da Unificação de Seul.
Membros de uma agência de notícias e de uma rede de televisão sul-coreanas seguiram para Pequim, de onde hoje viajariam para a Coreia do Norte, com o objetivo de assistir à cerimônia de desmantelamento do centro de testes nucleares, que ocorrerá entre os dias 23 e 25.
O ministério sul-coreano lamentou, em comunicado, a decisão de Pyongyang, apesar de ter convidado previamente os jornalistas do país. Neste sentido, afirmou que o governo reitera que a finalidade da declaração de Panmunjom, assinada pelas duas Coreias durante cúpula no final do mês passado, é "a cessação dos confrontos e hostilidades do passado".
O anúncio do fechamento da base de Punggye-ri chegou durante a cúpula intercoreana, quando Pyongyang se comprometeu a trabalhar para a "desnuclearização total" da península, depois de ter afirmado que interromperia seus testes armamentícios.
Pyongyang, que anunciou querer que o fechamento fosse divulgado com a presença de jornalistas estrangeiros, fez seus seis testes nucleares subterrâneos em Punggye-ri, incluindo o último e mais potente, em setembro de 2017.
O cancelamento dos convites representa um novo capítulo de hostilidade, depois que, na semana passada, Pyongyang suspendeu abruptamente uma reunião de alto nível com Seul, a cujo governo acusou de realizar manobras militares conjuntas com os Estados Unidos, que considera um teste para invadir seu território.
Em uma reviravolta na atmosfera de cordialidade e reaproximação, o regime de Kim Jong-un também afirmou que a realização da cúpula com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está em perigo, por causa das pressões da Casa Branca em torno do modelo de desnuclearização que querem impor à Coreia do Norte.
O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, chegou hoje a Washington para se reunir com Trump, em uma tentativa de reconduzir a histórica cúpula com a Coreia do Norte, prevista para o dia 12 de junho em Cingapura.
No habitual tom de moderação construtiva do governo de Moon, o Ministério da Unificação afirmou que apesar de barrar os jornalistas sul-coreanos, Seul seguirá trabalhando na cooperação com Pyongyang e na melhoria das relações dos EUA com a Coreia do Norte.