Caravana de migrantes retoma caminhada rumo aos EUA de forma dispersa
De maneira dispersa, a caravana de migrantes centro-americanos retomou neste sábado (10) sua caminhada rumo ao norte, com seus participantes convencidos de chegarem a Tijuana, lugar de onde querem pedir asilo nos Estados Unidos, apesar de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter endurecido este trâmite.
Apesar de terem usado sua parada na Cidade do México, aonde foram chegando desde domingo passado, para se agrupar, os integrantes dessa mobilização em massa, que soma no total cerca de 5 mil pessoas, voltaram a se separar no seu caminho rumo aos EUA.
O grupo maior da caravana, formado por perto de 4 mil pessoas, deixou hoje (12) as instalações do centro esportivo Magdalena Mixhuca, no leste da capital, e voltou a andar rumo a Querétaro, capital do estado homônimo.
O mesmo movimento foi feito na sexta-feira (9) por um grupo mais reduzido de migrantes, que ontem à noite dormiu em Querétaro e hoje decidiu continuar até Guadalajara, capital do estado de Jalisco.
Na assembleia realizada na quinta-feira (8), da qual participou toda a caravana, decidiu-se, por votação, sair da capital na sexta-feira e continuar a rota que leva a Tijuana, sem deixar "ninguém para trás" e ao ritmo marcado por mulheres e crianças.
Apesar disso, algumas horas depois ficou acertado que ficariam um dia a mais na Cidade do México; uma decisão que foi rejeitada por um grupo de mil pessoas, a maioria homem jovem, que optou por sair da capital antes.
O Estádio La Corregidora, no sudeste de Querétaro, foi o local que as autoridades do estado puseram à disposição dos migrantes.
Além disso, foi aberto um albergue no município San Juan del Río, para dar alimento, descanso e prestar serviço médico aos integrantes da caravana.
Para chegar, os migrantes, que se dividiram em pequenos grupos, tiveram que percorrer alguns trechos andando e outros pedindo carona a ônibus, caminhões e outros veículos.
"Estão conseguindo para nós caminhões, mas o rapaz com o qual vínhamos nos deixou até aqui, não mais, porque talvez ia por outro caminho, e agora estamos conseguindo outra vez ride [carona]", disse Nicole Alexandra Castro pouco antes de chegar a Querétaro.
Essa migrante, que se juntou à caravana em sua passagem pela Guatemala, participa da mobilização com seu marido, seu filho e alguns amigos, e reconhece que não sabe quanto vão demorar para chegar aos EUA, mas espera que seja antes do Natal.
Na fronteira, relatou Nicole, pensam em pedir "asilo político". "Se nos derem, vamos trabalhar", disse, acrescentando que no seu lugar de origem não dão emprego às mulheres.
Na sexta-feira, Trump assinou uma ordem presidencial que limita as chances dos solicitantes de asilo na fronteira com o México e impede que essa proteção seja concedida a quem chegue aos EUA de forma irregular.
No entanto, isso não diminuiu o ânimo dos migrantes, que continuam confiando que Deus "toque o coração" do presidente americano e assim entenda que são obrigados a emigrar por falta de trabalho e por causa da criminalidade, enfatizou Nicole.
Já a segunda caravana de migrantes, que entrou no México dez dias depois da primeira e conta com 2 mil pessoas, chegou a Sayula, em Vera Cruz, deixando para trás o estado de Oaxaca.
Também percorre o território mexicano uma terceira caravana, integrada principalmente por salvadorenhos, que atualmente está no município de Matías Romero, em Oaxaca.
As instalações que as autoridades montaram no centro esportivo da Cidade do México para que os migrantes descansassem e recebessem informação sobre seus direitos não serão desmontadas e vão continuar funcionando até que esses dois grupos cheguem ao local.