Brasil e BID firmam convênio para medir efeito estufa na Amazônia
O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina, e a representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Brasil, Daniela Carrera Marquis, assinaram hoje (14) um convênio que garante um investimento de US$ 2,3 milhões para o Programa Amazon Face, projeto que avaliará os efeitos do aumento de gás carbônico sobre o ecossistema da Floresta Amazônica.
Segundo Carlos Afonso Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do ministério, o convênio é importante porque fornece uma fonte estável de recursos para tirar a pesquisa do papel.
“Um experimento desses é muito caro. É uma ciência de categoria internacional que vai fazer pesquisas na Amazônia, então é muito importante ter um financiamento, estável, robusto. Esse acordo com o BID institui o primeiro nível de financiamento para os primeiros dois anos de projeto”, disse o secretário.
Nobre disse ainda que o experimento é essencial para avaliar a resposta da floresta ao efeito estufa. “Temos de pelo menos tentar entender se há limites, se a floresta vai responder muito ou pouco [ao aumento do gás carbônico na atmosfera]. Enquanto não soubermos disso, não há certeza para fazer projeções”, declarou.
De acordo com o professor assistente David Montenegro Lapola, do Departamento de Ecologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no projeto Amazon Face, um sistema de torres distribuídas em forma de círculo aspergirá um ar com concentração elevada de gás carbônico em determinadas regiões da floresta. Em seguida, os cientistas verificarão a reação das plantas, desde as folhas mais altas às raízes mais profundas.
Ainda segundo Lapola, o projeto é um experimento de longo prazo, com previsão de término em 2027. No total, o projeto pretende monitorar oito regiões da floresta, quatro delas com elevada concentração de gás carbônico e quatro com os níveis atuais.
“Estamos começando a primeira fase agora, com uma caracterização para experimentar as primeiras medidas. Se tudo correr certo, implementamos os dois anéis mais para o fim do ano que vem. Daí começa o experimento piloto, para gente aprender a parte de logística e de infraestrutura. Dando certo, acrescentamos mais três pares de torres”, explicou o professor assistente.