Graça Foster diz que negócio de Pasadena foi “potencialmente bom” até 2008

Segundo ela, depois disso, a refinaria passou a ter baixo retorno para

Publicado em 30/04/2014 - 12:50 Por Carolina Gonçalves-Repórter da Agência Brasil - Brasília

“A orientação em 1999, confirmada em 2004, era que tínhamos que expandir o refino fora do Brasil”, disse ela, ao citar as compras de outras refinarias na Argentina e BolíviaMarcelo Camargo/Agência Brasil

A presidenta da Petrobras, Graça Foster, disse hoje (30) que a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), foi um negócio “potencialmente bom” até 2008 em função das condições econômicas do período com crescente consumo de derivados e margens de lucro otimistas. Segundo ela, o negócio tem que ser analisado em dois momentos. O segundo seria pós-2008, quando a refinaria passou a ter baixo retorno para a estatal brasileira.

“As margens foram reduzidas porque o mercado caiu, porque não fizemos o revamp da refinaria [investimentos necessários para aumentar o refino da média de 30 a 60 mil barris para 100 mil barris diários] e o mercado compra menos”, explicou.

Segundo a presidenta da Petrobras, que avaliou que a compra da refinaria "não foi um bom negócio”, ao falar com senadores no último dia 15, a decisão da estatal foi tomada a partir de estudos de consultorias contratadas pela estatal que apresentaram ressalvas que não comprometiam o negócio. Segundo ela, a aquisição estava de acordo com os objetivos da Petrobras na época.

“A orientação em 1999, confirmada em 2004, era que tínhamos que expandir o refino fora do Brasil”, disse ela, ao citar as compras de outras refinarias na Argentina e Bolívia. Hoje, a Petrobras mantém três refinarias no exterior, incluindo Pasadena, que somam um refino de 230 mil barris por dia. “A Petrobras produzia mais petróleo pesado. Era um petróleo descontado. Na hora de comercializar tinha que fazer desconto para refinadores. Por isso, foi correta a estratégia de levar esse petróleo para o exterior”, completou.

Pelas contas apresentadas hoje (30), em uma audiência pública conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, Graça Foster disse que a estatal brasileira pagou US$ 554 milhões pela refinaria e US$ 341 milhões pela trading com o grupo belga Astra Oil, além de outros US$ 354 milhões que foram gastos com outras aquisições. “A Astra pagou por Pasadena, [em valor] estimado, US$ 360 milhões.”

Segundo ela, o valor pago pelos belgas inclui a aquisição de estoques da refinaria que custaram US$ 104 milhões, além dos pagamentos mensais feitos para elevar a carga de refino, que variava entre 30 a 60 mil barris refinados por dia para 100 mil barris. O dinheiro foi gasto em contratos de serviços e equipamentos. Os números foram levantados por uma Comissão Interna de Apuração da Petrobras deve ser concluído nas primeiras semanas de maio.

A presidenta da estatal lembrou que a Petrobras investiu US$ 685 milhões em Pasadena e que o negócio resultou em baixas nos anos de 2008, 2009 e 2012, totalizando US$ 530 milhões. “[Isso] porque não fizemos o revamp [investimentos necessários para aumentar o refino para 100 mil barris]. O projeto não foi realizado e não captamos a margem. Ainda houve queda de margem do refino e do consumo.”

Graça Foster explicou que as perdas registradas podem ser revertidas, mas isso dependerá de uma reação do mercado, com melhora da margem de refino e aumento de consumo de derivados. Além disto, a Petobras, segundo ela, mantém avaliação constante sobre o retorno de investimentos no exterior ou no mercado interno para decidir o que é mais lucrativo para a empresa.

Edição: Talita Cavalcante

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