Relatório aponta assassinato de 180 indígenas, em 2022
Na manhã de 24 de junho do ano passado, fazendeiros e policiais invadiram o território Guapoy, no Mato Grosso do Sul, mesmo sem ordem judicial. O território tradicional é reivindicado com parte da reserva Amambai.
Tiros da polícia deixaram nove feridos, e um morto: Vitor Fernandes, Guarani-Kaiowá, de 42 anos, como conta Josiel Guarani-Kaiowá.
Nos meses seguintes, em outras emboscadas, mais duas lideranças do povo Guarani-Kaiowá, Márcio Moreira e Vitorino Sanches, foram mortos a tiros na mesma localidade.
O contexto era o mesmo: a luta pela terra e a proteção de seus territórios em meio a uma política hostil aos povos indígenas reforçada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O relatório "Violência contra os povos indígenas no Brasil", do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), lançado nesta quarta-feira, registrou essa e outras violências, depois de 523 anos de brutal colonização, contra os nossos povos originários.
Dom Roque Paloschi, presidente do Cimi, destacou que genocídio aos povos indígenas aconteceu em todo país.
137 homens, 41 mulheres e mais duas pessoas ainda sem identificação. Esses são os 180 indígenas assassinados em 2022 em 25 estados do país, segundo o Cimi.
Roraima, com 41 mortes, Mato Grosso do Sul, 38, e o Amazonas, com 30, foram os estados com maiores índices de assassinatos, com quase 40% do total.
Durante os últimos 4 anos, período da gestão do ex-presidente Bolsonaro, foram 795 mortes, sendo estes três estados também líderes da violência.
O relatório do Cimi ainda registra 28 casos de tentativa de assassinato em 2022; 60 ameaças; 38 de casos racismo e discriminação étnico-cultural; e 20 casos de violência sexual.