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Cultura

Campanha cria calendário nacional em defesa da ancestralidade africana

Lideranças de tradições de matriz africana se unem contra o racismo
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Madson Euler
13/11/2024 - 14:03
São Luis
Lavagem do Cais do Valongo, por religiosos de matriz africana, marca um ano da concessão do título de Patrimônio Mundial Cultural da Unesco ao sítio arqueológico.
© Tomaz Silva/Agência Brasil

Dentro da Campanha Cultura Negra Vive, iniciada agora em novembro pelo Ministério da Cultura, foi lançada nacionalmente, na sede da Fundação Palmares, a  campanha Tradições de Matriz Africana Contra o Racismo. 

Encabeçada pelo Pontão de Cultura Ancestralidade Africana no Brasil, que fica em Ribeirão Preto (SP), um dos focos da iniciativa, é convocar artistas, ativistas, coletivos, organizações, entidades e instituições públicas e privadas a se unirem na construção de um calendário unificado de ações que visam a valorização dessas tradições. 

A Iyalorixá e ativista cultural, Mãe Beth de Oxum, reconhecida como Patrimônio Vivo de Pernambuco, está há mais de 30 anos à frente do Ponto de Cultura Coco de Umbigada, no bairro de Guadalupe, em Olinda. O local também abriga o terreiro Ilê Axé Oxum Karê. Ela reforça a necessidade de mobilização destes atores e de seus territórios no combate ao racismo.

 "É uma campanha que vem  da sociedade civil, vem de um pontão de matriz africana, vem dos terreiros do país.  E a gente precisa reverberar, a gente precisa fazer com que essa campanha, ela tome corpo, porque o racismo está impregnado na alma brasileira."

De acordo com a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, somente no primeiro semestre deste ano foram registradas 1.940 denúncias de intolerância religiosa, representando um aumento de 332% em quatro anos. A maioria das denúncias foram feitas por praticantes de tradições de matriz africana, demonstrando a importância do engajamento social no combate ao racismo religioso.

Da Rádio Nacional em São Luís, Madson Euler.