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Primeiro dia do G20 foca em parcerias para resolver questões globais

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Akemi Nitahara - repórter da Radioagência Nacional
18/11/2024 - 20:23
Rio de Janeiro
Brasília (DF), 07/11/2024 - Arte para a matéria Radioagência no G20. Arte/Agência Brasil
© Arte/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, na manhã desta segunda-feira (18), a reunião de cúpula do G20, no Rio de Janeiro. No discurso, Lula disse esperar que o encontro seja marcado "pela coragem de agir". 

Ele destacou a preocupação com o aumento de conflitos internacionais e das crises humanitárias. Também citou como preocupações os fenômenos climáticos extremos, as desigualdades sociais, raciais e de gênero e as consequências da pandemia de covid-19, que matou mais de 15 milhões de vidas. 

Lula lembrou que a primeira reunião de líderes do G20 ocorreu em nos Estados Unidos, no contexto da crise financeira de 2008. Mas, para ele, 16 anos depois, a situação do mundo está pior. 

Aliança contra a fome

Durante a abertura da cúpula, foi lançada a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, tratada por Lula como o legado brasileiro para o G20. O presidente afirmou que a fome e a pobreza não são resultado de escassez nem de fenômenos naturais, mas o "produto de decisões políticas que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade”.

A Aliança Global nasce com 147 membros fundadores, incluindo 82 países, a União Africana, a União Europeia, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras internacionais e 31 organizações filantrópicas e não governamentais. 

O objetivo é dar impulso sustentado de alto nível para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Especialmente o de número um, da erradicação da pobreza, e 2, de fome zero e agricultura sustentável, enquanto reduz as desigualdades (ODS 10). 

Parcerias 

Entre as parcerias anunciadas no encontro dos líderes das 19 maiores economias do planeta mais União Europeia e União Africana, estão a Aliança para Inovação e Compartilhamento Tecnológico no Setor Elétrico entre Brasil e China. A princípio, a iniciativa reúne 16 empresas, universidades e centros de pesquisa, que vão promover intercâmbio de informações e tecnologias para aprimorar o setor elétrico brasileiro e chinês. 

Com os Emirados Árabes, o Brasil assinou um acordo para a atração de investimentos do país do Oriente Médio em setores estratégicos da economia brasileira. Os projetos que entrarão como oportunidade de negócios devem ser anunciados em dois meses. 

Já o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura vai liberar mais de R$ 16 bilhões para o BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, investir no Brasil. O financiamento vai complementar projetos alinhados ao Fundo Clima e ao Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com projetos de integração econômica entre o Brasil e a Ásia nos setores de infraestrutura de transporte, conectividade energética e digital, água e saneamento. 

Com a Argentina, o Ministério de Minas e Energia assinou um Memorando de Entendimento para viabilizar a exportação de gás natural argentino ao Brasil. Foi criado um grupo de trabalho bilateral para identificar as medidas necessárias para viabilizar a oferta do produto, em especial para o Gás do Campo de Vaca Muerta, no norte da Patagônia. A estimativa é de viabilizar a movimentação de 2 milhões de m³ por dia no curto prazo, chegando a 30 milhões em 2030. 

Fundo Amazônia 

A Noruega reconheceu os esforços do Brasil em reduzir o desmatamento da Amazônia e vai doar US$ 60 mi de dólares para o Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. 

O primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, destacou o sucesso do Brasil em reduzir o desmatamento no bioma em 31% é uma “prova clara” de como medidas direcionadas produzem resultados importantes para o clima e para a natureza. 

De acordo com a diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, o Fundo Amazônia alcançou a marca de R$ 882 mi em aprovações de projetos este ano. 

Taxação dos super-ricos 

Organizações da rede Observatório do Clima instalaram uma moeda de três metros de altura na Praia do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. O objetivo é pressionar os países do G20 para taxar os super-ricos e redirecionar os recursos para financiar ações para mitigar a crise climática. 

A campanha do Observatório do Clima propõe a taxação anual em 2%da riqueza de 3 mil bilionários do mundo, para financiar a adaptação necessária para proteger as populações mais vulneráveis do planeta à emergência climática, como as de países pobres, povos da floresta, ribeirinhos, moradores de favelas e zonas rurais, que sofrem com inundações, secas e temperaturas extremas. 

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, disse que incluir essa taxação na declaração final dos líderes do G20 será uma grande vitória do Brasil. As negociações para isso ocorreram durante todo o ano. 

Foto oficial

A fotografia oficial com os líderes do grupo para promover a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza foi feita no cenário da Baía de Guanabara e com o Pão de Açúcar ao fundo. 

Entre os cerca de 50 líderes mundiais presentes no tablado, chamou a atenção a ausência do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e dos primeiros-ministros do Canadá e da Itália, Justin Trudeau e Giorgia Meloni. 

Imagens mostraram que eles chegaram atrasados para o clique, mas o Itamaraty não divulgou o motivo dos atrasos.