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Direitos Humanos

Aliança contra a fome e pobreza pode atender 500 milhões de pessoas

Com programas de transferência de renda e proteção social até 2030
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Akemi Nitahara - Radioagência Nacional
15/11/2024 - 20:58
Rio de Janeiro
Brasília (DF), 14/11/2024 - Arte para a matéria Radioagência no G20. Entrevista. Arte/Agência Brasil
© Arte/Agência Brasil

No segundo dia do G20 Social, nesta sexta-feira 15 de novembro, as atividades autogestionadas da sociedade civil e movimentos populares tomaram conta da zona portuária do Rio de Janeiro.  

O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, informou que a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já tem capacidade de alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda e sistemas de proteção social em países de baixa e média renda até 2030. 

O ano é a referência da Organização das Nações Unidas para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

O ministro participou de uma sessão plenária sobre insegurança alimentar e falou da urgência de se implementar as medidas de combate à fome. 

POLÍTICA ECONÔMICA 

Nos debates sobre a Reforma da Governança Global, o economista sul-coreano Ha Joon Chang afirmou que o Banco Mundial e o FMI, Fundo Monetário Internacional, beneficiam os países ricos e impõem políticas econômicas que prejudicam o desenvolvimento dos países pobres. Ele é autor do best-seller Chutando a escada: a estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica. 

De acordo com Chang, essas instituições financeiras internacionais decidem suas políticas de acordo com a participação dos países que alocam dinheiro nesses organismos. Ou seja, elas estão ligadas ao poder econômico e os Estados Unidos têm OITENTA por cento dos votos nessas organizações. 

Joon Chang também criticou o chamado Consenso de Washington, que defende a aplicação de medidas neoliberais em todos os países, como corte de gastos públicos, privatizações, desregulamentação do mercado financeiro e flexibilização de regras trabalhistas. O que tem fracassado nos países menos desenvolvidos. 

  NEGOCIAÇÕES DO CLIMA 

Em meio a catástrofes recentes, como as inundações em Valência, na Espanha, a seca na Amazônia, os incêndios florestais e as enchentes no Rio Grande do Sul, representantes da sociedade civil e do governo ressaltaram a necessidade de reconstruir o modelo de desenvolvimento econômico global o mais rápido possível. 

A negociadora-chefe do Acordo de Paris, assinado em 2015, a economista, professora e diplomata francesa Laurence Tubiana, afirmou que a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos pode dificultar a conscientização da população mundial para o problema da emergência climática. 

Ela destacou os riscos do negacionismo climático, impulsionado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, apesar dos furacões recentes que geraram estragos na Flórida e na Carolina do Norte. Tubiana disse que o Brasil terá um papel importante nos próximos anos para manter os compromissos já acertados. 

PREFEITOS 

No encontro Urban 20, que reúne prefeitos no Armazém da Utopia, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, defenderam a importância da criação de formas de financiamento para solucionar as questões climáticas das cidades. Os dois são co-presidentes da Comissão Global para Finanças Urbanas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. 

De acordo com Paes, que os prefeitos vão apresentar um documento aos líderes do G20 no qual sugerem a criação de fundo garantidor para permitir que ações voltadas para mudanças climáticas possam funcionar de maneira mais eficiente. 

TRANSIÇÃO ECOLÓGICA 

A representante da Apib, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, e da Coiab, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Marciely Ayap Tupari afirmou que qualquer modelo de transição ecológica precisa contemplar a demarcação de terras indígenas e a proteção das populações nativas contra invasores. 

Ela participou da plenária sobre desenvolvimento sustentável, onde citou a ameaça do Marco Temporal para a demarcação das terras indígenas, lembrando que os povos originários são apenas CINCO por cento da população mundial, mas são responsáveis por OITENTA por cento da preservação da biodiversidade do planeta. 

Ayap também criticou o projeto de exploração de petróleo na Margem Equatorial, ou seja, no mar em uma região que inclui a foz do Rio Amazonas. Ela cobrou fiscalização nos territórios indígenas demarcados para combater os invasores e menos burocracia para a concessão de financiamento aos povos nativos, para que o dinheiro prometido por organismos internacionais chegue à população indígena. 

Após a redução em 12% da emissão de gases de efeito estufa em 2023, o Brasil tem uma ferramenta com potencial de diminuir ainda mais o lançamento de gás carbônico na atmosfera. Com cerca de 28 milhões de hectares de pastos degradados, o país pode usar essas áreas para aumentar a produção de alimentos sem desmatar uma árvore. 

Na mesma sessão, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, destacou o papel da tecnologia para converter a matriz agrícola brasileira da agricultura tradicional para a agroecologia.  Outras ações mencionadas por ele para contribuir com a redução das emissões de gases de efeito estufa são a redução do desmatamento, a promoção da agricultura regenerativa e o investimento em ciência para mudar a base de insumos químicos e de agrotóxicos. 

*Com informações da Agência Brasil