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Economia

Indústria brasileira acredita em diálogo para reverter taxação do aço

Instituto Aço Brasil diz que ficou surpreso com alíquota de 25%
Agência Brasil
Published on 12/03/2025 - 11:38
Rio de Janeiro
--FILE--A Chinese worker controls a hoist to lift a roll of coiled aluminium plates at a plant of Anhui Tianli Central Aluminum Co., Ltd. in Huaibei city, east China's Anhui province, 4 January 2016.

Aluminum consumption in China is set to grow by 7 to 10 percent a year over the next five years and hit 44 million tonnes by 2020, Aluminium Corp of China Ltd (Chalco) President Ao Hong said on Tuesday (10 May 2016). At the same event, Russian aluminum producer Rusal said it expected China's aluminum consumption growth to reach 7 percent in 2016. About 4 million tonnes of aluminum capacity in China has been shut down since July 2015, Rusal's Deputy Chief Executive Oleg Mukhamedshin said.No Use China. No Use France.
© Reuters/Jin mu/Proibida reprodução

O Instituto Aço Brasil e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) acreditam em um diálogo para reverter a decisão dos Estados Unidos de estabelecer uma alíquota de importação de 25% para o aço, independentemente da origem. A decisão afeta bastante o Brasil, porque os EUA são o principal mercado externo para o aço brasileiro.

O Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas que fabricam o metal, informou ter recebido com surpresa a decisão estadunidense, mas disse estar confiante na abertura do diálogo entre os governos dos dois países para restabelecer o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos nas bases do acordo firmado em 2018, durante o primeiro mandato de Donald Trump.

Segundo o instituto, o acordo definiu o estabelecimento de cotas de exportação para o mercado norte-americano de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e 687 mil toneladas de laminados. 

“Tal medida flexibilizou decisão anterior do presidente Donald Trump que havia estabelecido alíquota de importação de aço para 25%. Importante ressaltar que a negociação ocorrida em 2018 atendeu não só o interesse do Brasil em preservar acesso ao seu principal mercado externo de aço, mas também o interesse da indústria de aço norte-americana, demandante de placas brasileiras”, diz a nota do Instituto Aço Brasil.

De acordo com o instituto, a taxação do produto impacta não apenas a indústria brasileira, como também a própria economia estadunidense, uma vez que ela depende da importação do produto. 

“A taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes”, avalia.

O Brasil supriu 60,7% da demanda de importação de placas de aço dos Estados Unidos em 2024, segundo a entidade. No ano passado, os EUA precisaram importar 5,6 milhões de toneladas do produto por não ter oferta interna suficiente. Desse total, 3,4 milhões de toneladas foram exportadas pelo Brasil.

De acordo com o instituto, o mercado brasileiro também “vem sendo assolado pelo aumento expressivo de importações de países que praticam concorrência predatória, especialmente a China”

“Assim, ao contrário do alegado na proclamação do governo americano de 10 de fevereiro, inexiste qualquer possibilidade de ocorrer, no Brasil, circunvenção para os Estados Unidos de produtos de aço oriundos de terceiros países”, diz o instituto.

A entidade informa ainda que, na balança comercial dos principais itens da cadeia do aço - carvão, aço, máquinas e equipamentos -, no valor de US$ 7,6 bilhões, os EUA são superavitários em US$ 3 bilhões, ou seja, vendem mais que o dobro do que compram do Brasil.

CNI

A CNI, que representa as indústrias brasileiras como um todo, informou que continua buscando diálogo para reverter a decisão. A confederação destaca que os EUA são o destino de 54% das exportações de ferro e aço brasileiros, sendo o quarto maior fornecedor desses produtos para os estadunidenses.

Para a CNI, a decisão de taxar o aço é ruim tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos. A confederação informou que segue trabalhando para fortalecer as relações entre os dois países e que acredita em alternativas consensuais para preservar esse relacionamento comercial.

Em nota à imprensa, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) defendeu que Brasil e Estados Unidos mantenham diálogo.

"Entendemos que a negociação é melhor caminho para Brasil e EUA neste momento. Se houver um acordo, a tendência é de que a exportação de aço brasileiro aumente para os Estados Unidos, com um cenário positivo. Entretanto, se o bom senso não prevalecer, haverá consequências para parte da indústria siderúrgica nacional”, defendeu Flávio Roscoe, que preside a federação.

O mesmo tom adota a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil). Em comunicado, a entidade declara que os governos dos dois países “intensifiquem de imediato os esforços para alcançar uma solução negociada que preserve o comércio bilateral e os seus benefícios para ambas as economias.”

*matéria atualizada às 18h20 para acréscimo de posição da Fiemg e da Amcham

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