Festival Agbado aborda a segurança alimentar

Evento acontece no Museu da República, no Rio de Janeiro

Publicado em 20/01/2024 - 17:19 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O 1º Festival Agbado, também conhecido como Festival de Oxóssi, organizado pelo coletivo de matriarcado afrodiaspórico Afrikerança, ocupa neste sábado (20), Dia de São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, as dependências do Museu da República, no Catete, zona sul da capital, desde as 10h. O evento se estenderá até as 19h, com atividades gratuitas.

O festival celebra o milho, que é a comida de Oxóssi, e alimento que tem papel fundamental não só na África mas também no Brasil, onde contribui para o combate à insegurança alimentar, segundo Ìyálode Ojéwunmi Rosângela D'Yewa, representante do candomblé e vice-presidente do Conselho Municipal de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa do Município do Rio de Janeiro (Complir). “E por falar de milho, de comida, a gente está falando de segurança alimentar no Brasil”, disse à Agência Brasil.

Rio de Janeiro (RJ) 20/01/2024 – Iyalode Rosangela D'Yewa participa do Festival Àgbàdo, que celebra o milho sagrado de Oxóssi para promoção da liberdade religiosa, no feriado de São Sebastião, nos jardins do Museu da República. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Iyalode Rosangela D'Yewa participa do Festival Agbado, que celebra o milho sagrado de Oxóssi - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O evento trata também do racismo religioso. “O festival vai tratar da comida sagrada de Oxóssi, mas promovendo o diálogo inter-religioso. Vai ter o indígena, a umbanda, outras religiões, todas convidadas para vir falar no festival. Porque este é o momento de a gente combater o racismo religioso e a intolerância e respeitar a fé de cada um”.

Rio de Janeiro (RJ) 20/01/2024 – Festival Àgbàdo celebra o milho sagrado de Oxóssi para promoção da liberdade religiosa no feriado de São Sebastião, nos jardins do Museu da República. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Festival Agbado celebra o milho sagrado de Oxóssi para promoção da liberdade religiosa - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Além da parte gastronômica, o festival tem uma feira de artesanato e terá palestras, exposições e oficinas, tendo o milho como protagonista. Uma exposição fotográfica, com imagens espalhadas pelo museu, mostra a importância dos terreiros, como são chamados os espaços onde o culto às divindades sagradas de matrizes africanas ocorre. Um orixá todo feito de palha de milho, representando a sustentabilidade, recebe os visitantes.

Palestras

Ìyálode Ojéwunmi Rosângela D'Yewas disse que as palestras abordarão segurança alimentar e o milho, racismo alimentar, monocultura como processo de agro globalização, entre outros temas. 

A ideia, segundo a vice-presidente do Complir, é realizar o Festival Agbado anualmente. Vai ter também apresentações culturais, samba de roda, percussão e caboclas, contação de histórias, compostagem, capoeira.

Em vários pontos do Museu da República, podem ser apreciados frutas e alimentos feitos de milho, como pamonha, curau, milho cozido, bolo de milho, entre outros. 

Haverá a procissão de Oxóssi, que culminará com exibição de peças dos ancestrais do candomblé apreendidas pela polícia há muito tempo e que, agora, estão liberadas para apreciação.

Rio de Janeiro (RJ) 20/01/2024 – Festival Àgbàdo celebra o milho sagrado de Oxóssi para promoção da liberdade religiosa no feriado de São Sebastião, nos jardins do Museu da República. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Festival Agbado celebra o milho sagrado de Oxóssi para promoção da liberdade religiosa - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Os visitantes serão recebidos por três crianças, que entregarão milho representando a prosperidade, “para que ninguém nunca passe fome em sua casa”, disse Iyá Rosângela. 

No final do evento, cada liderança religiosa vai levar frutas e comidas feitas de milho para serem entregues à população de rua. 

A ideia do Festival Agbado é que seja um espaço democrático, inclusivo, fomentador e motivador das religiões e cultura de matrizes africanas, onde governos, empresas e sociedade civil possam contribuir para o fortalecimento da cidadania e dos direitos humanos e para o combate ao racismo religioso, disse a organização do evento.

Edição: Fernando Fraga

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