Apreensão aumenta após novos tiroteios e ataques na França

Publicado em 08/01/2015 - 13:08 Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Pessoas se reúnem em silêncio no centro de Paris após o ataque por homens armados e mascarados na sede da revista Charly Hebdo, em Paris (Agência Lusa/EPA/Ian Langsdon - Todos Direitos Reservados)

Pessoas se reúnem em silêncio no centro de Paris após o ataque ao jornal Charlie Hebdo que deixou 12 mortos Agência Lusa/EPA/Ian Langsdon - Todos Direitos Reservados

A perplexidade e a incredulidade das primeiras horas que se seguiram ao atentado de ontem (7), em Paris, ao semanário satírico Charlie Hebdo, no qual 12 pessoas foram mortas, foram substituídas pelo clima de apreensão e medo após eventos ocorridos nas últimas horas e ainda não esclarecidos:  uma policial foi morta por um atirador que disparou a esmo na parte sul de capital francesa e locais de manifestação de fé muçulmana, em diferentes regiões do país, foram atacados.

Uma operação de guerra está em curso para capturar os suspeitos de ter atacado a redação do Charlie Hebdo, no centro de Paris, e ontem (7) mesmo o governo francês elevou ao máximo o nível de alerta do plano interministerial contra o terrorismo: o VigiPirata.

Cerca de 3 mil policiais buscam deter dois suspeitos, identificados pelo Ministério do Interior como sendo os irmãos Chérif Kouachi e Saïd Kouachi, de 32 e 34 anos. O terceiro suspeito, Mourad Hamyd, de 18 anos, se entregou à polícia.

Glen Homer

Glen Homer conta que o policiamento na capital está reforçadoArquivo pessoal/direitos reservados

O empresário norte-americano naturalizado brasileiro Glen Homer mora há quatro anos em Paris com a mulher e dois filhos. Sua impressão, hoje, é que Paris amanheceu em câmera lenta, com as pessoas atônitas. A casa de Homer fica perto das Galerias Lafayette, conhecido centro de compras da capital. “O policiamento, que é sempre presente, foi reforçado”, disse ele à Agência Brasil nesta manhã.

“Estamos todos muito apreensivos por causa das incertezas, por não sabermos exatamente o que está acontecendo. Mas o povo francês é combativo e não se deixa abater. As manifestações espontâneas desta quarta-feira, as vigílias, são uma expressão dessa combatividade”, afirmou Homer. Segundo ele, escolas, museus, o comércio e as repartições públicas funcionam normalmente. No entanto, com o alerta máximo de segurança, excursões e passeios escolares foram suspensos.

O empresário considera pouco provável que a população reaja aos ataques responsabilizando estrangeiros ou grupos religiosos. “Principalmente em Paris, onde é grande o número de estrangeiros, a maioria das pessoas entende que a violência é a manifestação de uma minoria radical. E como as principais lideranças muçulmanas se anteciparam e condenaram o ataque ao Charlie Hebdo, acho que não deverá haver caça às bruxas.”  

A jornalista francesa Karima Saidi tem opinião semelhante. De acordo com Karima, como os terroristas ainda não foram presos e suas motivações reais não são conhecidas, o principal debate entre os franceses, no momento, diz respeito aos limites da liberdade de expressão. Francesa de ascendência árabe, Karima, no entanto, não esconde o medo de que a situação se radicalize. “Há muita solidariedade, mas, ao mesmo tempo, muito medo. Medo de que as coisas piorem e a violência aumente devido à ação de um grupo minoritário.”

Segundo o Ministério do Interior, o VigiPirata é um sistema permanente de vigilância, prevenção e proteção, que se aplica na França e no exterior, com efeitos sobre os transportes, a saúde, a alimentação e as redes de energia e de segurança dos sistemas de informação, entre outros, coordenado pelo primeiro-ministro Manuel Valls.

O sistema é acionado e alimentado a partir de informações colhidas pelos serviços de inteligência e, em caso de ataque terrorista, como está sendo classificado o de ontem, pode ser prorrogado por planos específicos de intervenção. De acordo com o ministério, além de tentar proteger os cidadãos e o território francês de ameaças terroristas, o VigiPirata permite às autoridades de defesa agir rápida e coordenadamente em caso de ataques.

Edição: Denise Griesinger

Últimas notícias